Era miúdo e lembro que quase não havia varanda que não tivesse, pelas paredes, andorinhas em barro. Hoje raramente se vêem. Alguns encontravam nisso um certo pirosismo, mas gostava de as ver nessas varandas, varandas que também tinham sardinheiras e craveiros das mais várias cores, como também gostava de ficar a olhar os bandos de andorinhas que serpenteavam pelas quintas que rodeavam a casa onde nasci.
Disto me lembrei quando topei com este pedaço de uma crónica de Catarina Portas:
“Vislumbrar a primeira andorinha do ano é uma alegria inexplicável, como o deslumbre de um dia sair à rua e descobrir os jacarandás em flor ou aquele prazer raro de trincar as primeiras cerejas do calor. Agora cerejas já as há todo o ano, vindas daqui e dali, mas como as andorinhas ainda não se dão em estufa e só arribam quando muito bem lhes parece, esta é ainda uma das felicidades inteiras que o ciclo anual das estações nos traz.”
Na quinta do Mário, no Magoito, há andorinhas de barro. Colocou-as na parede da churrasqueira. Entende que elas atraem outra passarada que por ali aparece a esvoaçar e a lançar cânticos. Ele gosta disso e chama a atenção para o facto de, junto ao algeroz, pássaros terem feito um ninho.
Coisa simples a que muito poucos ligam, mas que o deixam feliz, o ajudam a lavar a alma, seja lá o que isso for.
2 comentários:
Em Coimbra, nos anos 60, tinha destas andorinhas no exterior de casa.
Hoje em dia tenho-as na casa de banho de Pinheiro de Lafões dando a ideia de que vão a fugir pela janela. São umas 3 ou 4 compradas na Portas (Rafael Bordalo Pinheiro).
Mas também as há na Feira de São Mateus, a mais antiga do País.
E no exterior, tenho mais 2 ou 3 mas de cartolina bem negra e sabes para quê? Para impedir que outros pássaros façam ninhos! E resultou!
Tens de ir comprovar!
LT
Lembro-me de contares a história.
Certamente que, com todo o gosto, irei comprovar, - é sempre muito agradável regressar ao paraíso.
Fazem-se os bonecos e, aqui, voltamos às andorinhas.
Um abraço
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