Marcelo Caetano proferiu, hoje, através da rádio e da televisão, mais uma das suas Conversas em Família.
Não há
uma única palavra sobre os acontecimentos ocorridos no dia 16 de Março e, muito naturalmente, tão pouco refere o ambiente que se vive no seio dos oficiais das Forças Armadas.
Algumas passagens
dessa última conversa:
Desde meados de
Fevereiro até agora tenho recebido de todos os recantos do País, de aquém e
além -mar, milhares de mensagens de apoio, de incitamento, de estímulo. Tantas
que não é possível acusar aos remetentes a sua recepção. Nem sequer responder
às centenas de cartas de pessoas amigas, algumas delas tão comoventes. Fica
aqui o meu agradecimento a todos. Deus permita que eu seja sempre digno da
confiança dos bons portugueses. Por isso me tenho esforçado.
(…)
De todas as infâmias que os adversários da nossa presença em África têm posto a correr contra nós e alguns portugueses infelizmente repetem, confesso que me fere mais a de que defendemos o Ultramar para favorecer os grandes interesses capitalistas.
De todas as infâmias que os adversários da nossa presença em África têm posto a correr contra nós e alguns portugueses infelizmente repetem, confesso que me fere mais a de que defendemos o Ultramar para favorecer os grandes interesses capitalistas.
(…)
Os soldados que em
África se batem, defendem valores indestrutíveis, e uma causa justa. Disso se
devem orgulhar e por isso os devemos honrar.
(…)
(…)
E, não tenhamos
dúvidas, se alguma fórmula socialista viesse a estabelecer-se no Ocidente – do que
Deus nos defenda! – não seria o anarquismo romântico nem sequer a social
democracia conformista, mas sim um colectivismo tirânico, cuja ditadura levaria
muitos anos a evoluir para regimes mais humanos.
(…)
Enquanto ocupar
este lugar mão deixarei de os ter presentes, aos portugueses do Ultramar, no
pensamento e no coração. Procuremos as fórmulas justas e possíveis para a
evolução das províncias ultramarinas, de acordo com os progressos que façam e
as circunstâncias do Mundo: mas com uma só condição, a de que a África
portuguesa continue a ter a alma portuguesa e que nela prossiga a vida e a obra
de quantos se honram e orgulham de portugueses ser!
Sem comentários:
Enviar um comentário