Poucas dúvidas existem de que, Desfolhada é uma bonita
canção que, na altura, foi uma pedrada no charco do nacional-cançonetismo que
nos assistia.
Para a desilusão da votação que a canção obteve em Madrid há
um pormenor de que muitos se esqueceram: não era a Desfolhada que estava em
votação, antes uma ditadura que mantinha uma guerra contra povos africanos.
Por mera curiosidade diga-se que a Áustria recusou participar
no Festival da Eurovisão desse ano por
decorrer num país governado por um ditador: Francisco Franco.
Na Fotobiografia de José Carlos Ary dos Santos
pode ler-se que, provavelmente, foi ao assistir a uma desfolhada, numa festa, que Zé
Carlos se sentiu inspirado para escrever esta letra. No manuscrito da canção, a
letra aparece primeiro com o título de Lenda Encantada, depois riscada e
substituída por Desfolhada. No final do poema lê-se: Letra de Terrear para
música de Água de-Fogo.
A canção aparece no Festival da Canção da RTP como Desfolhada
e com é esse estampado na lª edição em disco.
As razões da alteração tiveram a ver, ao que parece, com o
facto de na Sociedade portuguesa de Escritores já existir o registo de uma
canção com o nome Desfolhada e o seu autor exigiu que se fizesse a alteração na
canção de Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes.
Mais um pouco de história.
Simone de Oliveira não foi a primeira escolha para cantar Desfolhada.
Três ou quatro intérpretes foram apontadas, entre as quais
Madalena Iglésias, que chegou a gravar a canção mas quis que o verso quem
faz um filho fá-lo por gosto fosse cortado, a que Ary dos Santos,
obviamente, recusou.
Ficou Simone, e ficou muito bem.
Legenda: a capa de Desfolhada é uma cortesia deMr. Ié-Ié
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