5 de Março de 1974
Por Março começam a desenvolver-se, ainda mais, os desenvolvem
diversos acontecimentos que irão desaguar na maré cheia da madrugada de 25 de
Abril.
A publicação do Portugal
e o Futuro de Spínola fez soar alarmes no governo que, inabilmente como
depois se verá, vai tentar pôr cobro às movimentações civis e militares.
São dadas ordens à Assembleia Nacional que prepare uma moção
de defesa da política ultramarina mas sem que seja feita qualquer referência
concreta ao livro.
No seu Depoimento,
Marcelo Caetano escreve:
Entretanto, resolvi
usar da faculdade constitucional de discursar na Assembleia. O regime da
Constituição de 1933 era presidencialista e o Presidente da República
correspondia-se com a Assembleia Nacional por meio de mensagens. Mas o
Presidente do Conselho de Ministros tinha o direito de, quando entendesse
conveniente, ir à Assembleia e dirigir-se-lhe oralmente. O assunto neste caso
merecia-o. Preparei assim com a maior rapidez um discurso em que recapitulava
quanto se tinha passado desde 1961 a respeito da defesa do Ultramar, relembrava
as directizes adotadas na política ultramarina não só com assentimento da Nação
mas por impulso dela e concluía por solicitar à Assembleia que mais uma vez se
debruçasse sobre o problema, o encarasse com toda a liberdade de espírito à luz
das circunstâncias atuais e dissesse ao governo se era ou não de se manter o
caminho traçado. Da conclusão a que a Assembleia chegasse eu tiraria perante
quem de direito as ilações lógicas sublinhando desde logo que estava
demasiadamente comprometido com uma orientação para poder aceitar outra que me
traria sérios problemas de consciência.
As palavras finais que Marcelo Caetano proferiu na Assembleia
Nacional:
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