Só no dia seguinte, a censura permitirá que os jornais se
refiram ao acontecimento.
Passados 40 anos sobre aquele sábado, ainda não é possível
reunir elementos que permitam, com clareza, determinar o que foi este acontecimento da nossa recente História.
Há quem defenda que terá sido um golpe que serviu de ensaio ao 25 de
Abril.
Vasco Lourenço, em Março de 1994 esclarecia:
Se o 16 de Março tem vingado, não havia Programa do MFA.
Oficiais sublevados, não identificados, em declarações ao Correio
da Manhã de 4 de Abril de 1979:
Se o golpe de 16 de Março de 1974 não tivesse fracassado, a situação
portuguesa seria hoje muito menos sombria. Se a sua marcha sobre Lisboa tivesse
sido coroada de êxito, o Poder central diferia substancialmente da que foi
consignada pelo 25 de Abril. A descolonização dos territórios africanos teria
sido inspirada por directizes muito diversas. Não teríamos traído as
expectativas das colónias nem permitido os acontecimentos sangrentos que vieram
a verificar-se e ainda se verificam.
Marcelo Caetano, na Conversa em Família, transmitida em
28 de Março de 1974, dirá que afinal, tudo não passou de uma insignificante irreflecção,
ou talvez ingenuidade de alguns oficiais.
Contudo, no seu Depoimento, Marcelo Caetano dirá
sobre o 16 de Março:
O episódio das Caldas não devia ser subestimado, porque decerto os
oficiais que o provocaram contavam com apoio que a pronta reação do governo ou
o facto de ter havido precipitação na revolta não tinham permitido actuar.
Esses apoios não desarmariam, procurariam fazer a “revolução do remorso” para
salvarem os camaradas que não podiam deixar de ser processados e naturalmente
punidos por insubordinação.
… A revolução que veio efectivamente de surpresa, e conduzida dessa vez
com toda a eficiência, em 25 de Abril.
Legenda; a coluna militar de regresso ao RI 5 após o golpe
falhado.
Imagem do Diário de Notícias.
Imagem do Diário de Notícias.
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