segunda-feira, 31 de março de 2014

OLHAR AS CAPAS



Poesia Portuguesa do Pós-Guerra 1945-1965

Antologia organizada por Afonso Cautela e Serafim Ferreira
Capa: Espiga Pinto
Colecção Poesia e Ensaio nº 8
Editora Ulisseia, Lisboa, Outubro de 1965

Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Do longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento

E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

- Pedra    rio    vento    casa
Pranto    dia    canto    alento
Espaço    raiz    e    água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo


(Este poema, Pátria, de Sophia Mello Breyner Andresen, pertence ao Livro Sexto mas foi retirado desta Antologia)

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