As Voltas de Um
Andarilho
Viriato Teles
Prefácio de Sérgio
Godinho
Capa: foto de
Joaquim Pimentel
Colecção Rei Lagarto
nº 41
Assírio & Alvim,
Lisboa, Outubro de 2009
Com a lotação
esgotada desde muitos dias antes, o Coliseu transforma-se num imenso coro de
cinco mil vozes dispostas a cantar bem alto o outro lado da realidade
permitida. Há agentes da Pide por todo o lado, ninguém o ignora. O espectáculo
tarda a começar porque Adriano não tinha enviado os textos ao «exame prévio» da
Censura. A situação acabará por resolver-se graças a dois censores
«casualmente» de serviço na plateia do Coliseu que, ali mesmo, decidem quais os
temas que podem ou não ser ouvidos.
Quando finalmente
tem início o «desfile», é a apoteose. Primeiro com alguns equívocos, como
aconteceu durante a primeira parte da actuação de José Carlos Ary dos Santos
recebida com uma chuvada de apupos por parte do público. Mas a força da sua
poesia impôs-se e quando debitou «SARL, SARL, a pança do patrão não lhe cabe na
pele» já ninguém tinha dúvidas de que aquele homem era efectivamente dos
nossos…
Depois foi o grande
coro colectivo, a culminar com os cinco mil espectadores, de pé, a versos de
«Grândola Vila Morena», ironicamente a única canção Zeca a passar integralmente
as malhas da Censura. E é o seu grande impacto na noite de 29 de Março que irá determinar
a sua escolha para senha do Movimento
das Forças Armadas, na noite de 24 para 25 de Abril.
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