A ESTÁTUA E A PEDRA
A
Estátua e a Pedra
Digo
às vezes que não concebo nada tão magnífico e tão exemplar como irmos pela vida
levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cada um de nós teria de ser
sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois diante das
diversas circunstâncias que nos rodeiam e provocamos. Todos iríamos pela mão de
um ser de sete ou oito anos, nós mesmos, que nos observaria o tempo todo e a
quem não poderíamos defraudar. Por isso é que eu digo, e esta será a epígrafe
desse Livro das Tentações: «Deixa-te levar pela criança que foste». Creio que
indo pela vida dessa maneira talvez não cometêssemos certas deslealdades ou
traições, porque a criança que nós fomos puxaria pela manga e diria: «Não faças
isso».
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