terça-feira, 16 de setembro de 2014

A ESTÁTUA E A PEDRA



A Estátua e a Pedra


Digo às vezes que não concebo nada tão magnífico e tão exemplar como irmos pela vida levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cada um de nós teria de ser sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois diante das diversas circunstâncias que nos rodeiam e provocamos. Todos iríamos pela mão de um ser de sete ou oito anos, nós mesmos, que nos observaria o tempo todo e a quem não poderíamos defraudar. Por isso é que eu digo, e esta será a epígrafe desse Livro das Tentações: «Deixa-te levar pela criança que foste». Creio que indo pela vida dessa maneira talvez não cometêssemos certas deslealdades ou traições, porque a criança que nós fomos puxaria pela manga e diria: «Não faças isso».

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