A vez primeira
que li o nome de João César Monteiro foi no tempo em que começou a fazer
crítica de cinema no Diário de Lisboa.
Por esses tempos,
a crítica de cinema era uma encomenda das distribuidoras.
Os jornais, a
troco de publicidade, faziam o frete e os filmes eram sempre para ver.
Anos 70, no Diário
de Lisboa entenderam que as coisas não poderiam continuar assim.
Os leitores mereciam uma crítica de cinema
digna desse nome.
É assim que
aparecem Lauro António, Eduardo Prado Coelho, João César Monteiro, Vitor Silva
Tavares.
Foi uma pedrada
no charco.
Quase de
imediato os distribuidores intimaram o jornal.
Ou voltavam aos
velhos caminhos ou retiravam a publicidade.
O jornal não
cedeu à chantagem.
Como escreveu João
Bénard da Costa nas suas brilhantes crónicas, Eu e a Crítica, guardadas
em Os Filmes da Minha Vida:
E aprender a
gostar é tudo quanto pedi e peço aos críticos de quem gosto.
Hoje, são
tristes os tempos da crítica que lemos em jornais e semanários.
João César
Monteiro, durante a rodagem de Branca de Neve, deu uma entrevista a
Diogo Lopes e aproveitou para dizer:
Os críticos não percebem os filmes que vão ver.
Por que raio
terão inventado essa coisa completamente imbecil de marcar os filmes com
estrelinhas?
Saberão eles o
que os leitores esperam de uma crítica de cinema?
Estou em crer
que não, e o João César acertou na mouche.
É necessário que
os críticos entendam os filmes. Se não os entendem, não podem dá-los a
entender.
Baudelaire dizia
que a crítica para ser justa, isto é, para ter a sua razão de ser, a crítica
deve ser parcial, apaixonada, política, ou seja, forte de um ponto de vista
exclusivo, mas do ponto de vista que mais horizontes abram.
Lilian Hellman
dizia que pior que um mau crítico, só um crítico que julga sê-lo.
De algumas das
críticas do João César Monteiro, no Diário de Lisboa, guardei recorte.
Não tenho todas
as críticas do João porque – tempos difíceis, - o dinheiro curto, não chegava
para tudo…
São cinco.
Vão aparecer, por
aqui, nos dias que se seguem.
Divirtam-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário