quinta-feira, 6 de agosto de 2015

CÉSAR, CRÍTICO DE CINEMA



A vez primeira que li o nome de João César Monteiro foi no tempo em que começou a fazer crítica de cinema no Diário de Lisboa.

Por esses tempos, a crítica de cinema era uma encomenda das distribuidoras.

Os jornais, a troco de publicidade, faziam o frete e os filmes eram sempre para ver.

Anos 70, no Diário de Lisboa entenderam que as coisas não poderiam continuar assim.

 Os leitores mereciam uma crítica de cinema digna desse nome.

É assim que aparecem Lauro António, Eduardo Prado Coelho, João César Monteiro, Vitor Silva Tavares.

Foi uma pedrada no charco.

Quase de imediato os distribuidores intimaram o jornal.

Ou voltavam aos velhos caminhos ou retiravam a publicidade.

O jornal não cedeu à chantagem.

Como escreveu João Bénard da Costa nas suas brilhantes crónicas, Eu e a Crítica, guardadas em Os Filmes da Minha Vida:

E aprender a gostar é tudo quanto pedi e peço aos críticos de quem gosto.

Hoje, são tristes os tempos da crítica que lemos em jornais e semanários.

João César Monteiro, durante a rodagem de Branca de Neve, deu uma entrevista a Diogo Lopes e aproveitou para dizer:

Os críticos não percebem os filmes que vão ver.

Por que raio terão inventado essa coisa completamente imbecil de marcar os filmes com estrelinhas?

Saberão eles o que os leitores esperam de uma crítica de cinema?

Estou em crer que não, e o João César acertou na mouche.

É necessário que os críticos entendam os filmes. Se não os entendem, não podem dá-los a entender.
Baudelaire dizia que a crítica para ser justa, isto é, para ter a sua razão de ser, a crítica deve ser parcial, apaixonada, política, ou seja, forte de um ponto de vista exclusivo, mas do ponto de vista que mais horizontes abram.

Lilian Hellman dizia que pior que um mau crítico, só um crítico que julga sê-lo.

De algumas das críticas do João César Monteiro, no Diário de Lisboa, guardei recorte.

Não tenho todas as críticas do João porque – tempos difíceis, - o dinheiro curto, não chegava para tudo…

São cinco.

Vão aparecer, por aqui, nos dias que se seguem.

Divirtam-se.

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