O secretário-geral da
ONU, António Guterres, apelou à acção do Conselho de Segurança na questão da
segurança alimentar, alertando que a fome aguda afectava, no ano passado, cerca
de 140 milhões de pessoas em apenas 10 países, Afeganistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti, Nigéria,
Paquistão, Sudão do Sul, Sudão, Síria e Iémen, ao mesmo tempo afirmou que cerca de 67% das pessoas subnutridas do
mundo vivem em áreas afetadas por conflitos.
A eterna pergunta:
Mas para que serve a ONU?
Quase se pode concluir que toda aquele gente, chorudos
ordenados e regalias várias, apenas assiste, sentada em secretárias a guerras e à fome no mundo.
Tempo para lembrar Bertolt Brecht:
O HORROR DE SER POBRE
Risco c’ um traço
(um traço fino, sem
azedume)
todos os que
conheço, eu mesmo incluído.
Para todos estes
não me verão
nunca mais
olhar com azedume.
O horror de ser
pobre!
Muitos gabavam-se
que aguentariam, mas era ver-lhes
as caras alguns
anos depois!
Cheiros de latrina
e papéis de parede podres
atiravam abaixo
homens de peitaça larga como toiros.
As couves aguadas
destroem planos que
fazem forte um povo.
Sem água de banho,
solidão e tabaco
Nada há que exigir.
O desprezo do
público
arruína o
espinhaço.
O pobre
nunca está sozinho.
Estão todos sempre
a espreitar-lhe
para o quarto. Abrem-lhe buracos
no prato da comida.
Não sabe pra onde há-de ir.
O céu é o seu
tecto, e chove-lhe lá para dentro.
A Terra enxota-o. O
vento
não o conhece. A
noite faz dele um aleijado. O dia
deixa-o nu. Nada é
o dinheiro que se tem. Não salva ninguém.
Mas nada ajuda
Quem dinheiro não
tem.
Em Poemas e
Canções, selecção e versão portuguesa de Paulo Quintela
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