Bestiário Lusitano
Alberto Pimenta
Capa: Alberto Pimenta
Edição do Autor, Lisboa, 1980
(Nota do autor no final do livro: «Escrito durante o ano de 1979, segundo o lema de B. Brecht: «Outros que falem da sua vergonha, eu falo da minha.»)
AS PALAVRAS DO PAPAGAIO
aprrendi a dizer o que aprendi a dizer, diz ele
aprendi a dizer que aprendi o que aprendi a
dizer, diz ele, aprendi a dizer que não aprendi
o que não aprendi a dizer, diz ele, comecei a
dizer o que aprendi a dizer, diz ele de dentro
da sua gaiola, aprendi a dizer o que dizem que
se pode dizer, diz ele de dentro da sua gaiola,
mas como dizem que o que se pode dizer apenas
é o que já foi dito, diz ele de dentro da sua
gaiola, só aprendi a dizer o que já foi dito,
diz ele, e como não aprendi também a dizer o
que ainda não foi dito, diz ele, não sei se só
digo aquilo que sei ou se só sei aquilo que
digo, e assim é e tenho dito, diz ele de dentro
da sua gaiola, batendo as asas de mau modo.
1 comentário:
Este país não merece Alberto Pimenta; se fosse francês e se chamasse Léo Firmenta era o maior, assim, a nossa televisão ignora, desconhece este estranho exemplar. Entretanto, continua a venerar diariamente os Conceições deste país de brandos costumes...e de gente similar com educação e formação.
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