Woody Allen costumava dizer que o melhor de cada
filme é o momento em que me fecho numa sala a seleccionar clássicos do jazz para
o “scores” e ainda existem várias american great songs que gostaria de usar».
A sua enorme colecção de discos permite-lhe colocar
nos seus filmes a música de que realmente gosta.
Quem vê os filmes de Woody Allen sabe o quanto são
verdadeiras estas palavras.
A páginas 356 da sua Autobiografia Allen volta aos dias exasperantes com Mia:
«Lembro-me de uma ocasião semelhante quando, no início da nossa
relação, Mia me arrastou até à sua casa em Martha’s Vineyard num maravilhosos
dia de outono. Só e isolado, olhei pela janela para o lago Tashmoo, enquanto
ela cometia o erro fatal de colocar o segundo movimento do Concerto para
Violino de Sibelius. Enquanto eu escutava, na calma beleza de outono das
vinhas, os acordes insuportáveis de Sibelius transportaram-me para a Finlândia,
Suécia, Noruega, os fiordes, os vastos bancos de gelo e os longos e escuros
invernos, e senti um intenso desejo por uma sandes de fígado de galinha, que só
se pode obter nas redondezas de Fifty-Fourth Street.»
Os desconfortos com Mia Farrow desenrolam-se em muitos e variados campos, e já vêm desde o início da relação ao ponto de chegarmos à infelicidade de Mia, de autêntico bradar aos céus, colocar Woody Allen às voltas exasperantes com Sibelius.
Pode-se não gostar mesmo de Mia Farrow, mas a minha esmagadora ignorância musical não encontra razão mínima para Allen detestar Sibelius, mas só ele o saberá.
Outra ignorância minha – são tantas
e tantas as ignorâncias - é não conseguir sentir o deslumbre de uma sandes de fígado de
galinha.
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