terça-feira, 17 de maio de 2022

OS ITINERÁRIOS DO EDUARDO


Entendi colocar a aquisição deste livro nos Itinerários do Eduardo que tenho vindo a publicar por aqui.

Gosto muito do Eduardo Guerra Carneiro.

Gosto muito do título da Antologia publicada em Maio de 2018: Mil e Outras Noites

Gosto muito, apesar de tudo, de a ter adquirido.

O «apesar de tudo» explico a seguir.

Em Setembro de 2018 li no blogue Antologia do Esquecimento uma referência à publicação da Antologia do Eduardo.

Gostei acima de tudo do que o autor escreveu:

«Mil e Outras Noites, de Eduardo Guerra Carneiro, é dos melhores livros de poesia portuguesa que podíamos desejar.»

Exceptuando os primeiros, «O Perfil da Estátua» e «Corpo Terra», tenho todos os livros do Eduardo Guerra Carneiro

Mas o que escreveu Henrique Manuel Bento Fialho, levou-me a ter de comprar a Antologia do Eduardo que, lamentavelmente, não conheci pessoalmente.

Uma das vezes em que procurei o livro, foi na Avenida de Roma onde, quase lado a lado, estão a Bertrand e qualquer coisa que se chama «Leya/Fnac» e que noutros tempos, tempos negros, diga-se, foi porta aberta da Livraria Barata que forneceu , a toda uma geração,  livros que a  PIDE salazarenta proíbia.

Como se houvesse uma cassette gravada, tanto numa, como na outra livraria, foi-me dito que não vendiam livros de pequenas editoras. O porquê ficou refugiado como algo que vinha de cima e a que não sabiam dar uma resposta.

Em Janeiro deste ano, passei pela Almedina, no Saldanha, perguntei pela Antologia do Eduardo, tiveram o livro mas, ou venderam, ou devolveram. Mas o jovem que me atendeu,  que sobre livros não sabia apenas o que está nos computadores, adiantou que talvez ainda o encontrasse na Letra Livre, na Calçada do Combro.

Por Março lá cheguei à Letra Livre e, prontamente me informaram que ainda deviam existir 1 ou 2 exemplares em armazém que fica para os lados do «Bairro das Colónias», nome antigo.

Fui lá agora buscá-lo.

Um livro lindíssimo, editado em Maio de 2018, do qual se fizeram 300-exemplares-300.

O Manuel António Pina sempre disse que a Poesia está para acabar.

Quatro-anos-quatro em que não se conseguiram vender 300 exemplares, «dos melhores livros de poesia portuguesa que podíamos desejar».

O bocado de estante onde, aqui na casa, estão os livros do Eduardo Guerra Carneiro, ficou ainda mais reluzente.

E se pudessem, poderiam ver a alegria estampada no rosto por estar a escrever  este Itinerário do Eduardo.

Porque, como ele dizia, «isto anda tudo ligado».

 

Legenda:  Capa e contra capa de Mil e Outras Noites, tendo uma pintura de Hieronymus Bosh como fundo.

1 comentário:

Sammy, o paquete disse...

Talvez se editem uns 15 mil livros por ano. Dessa quantidade não sei a quantos poderemos chamar livros. Algo que existe como certeza de que nunca encontra leitores. Quando percorro os escaparates das livrarias, mas principalmente quando vou à Feira do Livro, não consigo saber a que tipo de pessoas muitos daquele livros apontam. Há livros que se publicam porque as pessoas que têm uns tostões e querem cumprir vaidades, mandam publicar. Dizem que o José Sócrates mandava o motorista, com o dinheiro que a mãe lhe emprestava, comprar o livro de que foi autor.
Por estas, e por outras, causa-me pele de galinha saber que um livro do Eduardo Guerra Carneiro – poderá ser um outro qualquer autor – não esgotar de imediato os 300 exemplares da edição.