Ana Leonardo Coimbra chega diariamente ao Café do Monte, medita, e fala com o parceiro da mesa ao lado dizendo que a frase de Sholom Aleichem todos os dias tem de ser corrigida: «Os ricos continuam ricos e os pobres estão a morrer de fome, como sempre.»
«A encenação à volta da lei, que pouco entusiasma os alinhamentos
noticiosos, devorados pela tragédia ucraniana e pelos foguetórios do futebol,
nem chega por isso a ensaiar algum artifício. Confirma-se que o governo tem nos
liberais um aliado para reduzir o salário real da função pública, afinal Rui
Rio sempre tinha razão ao colocá-los à sua direita, nada de novo. Confirma-se
que o Chega vive de fogo fátuo, nada de novo. Verifica-se que o PSD-Madeira
trata da clientela e, para tanto, consegue reduzir um imposto sobre o rum
exportado e reabrir as inscrições de empresas na Zona Franca, uma galinha de
ovos de ouro. O governo, que há um ano e galhardamente se recusa a cumprir a
determinação da Comissão Europeia de fazer restituir mil milhões de euros de
subsídios indevidamente pagos a 300 empresas, oferece mais este bónus aos
maratonistas do planeamento fiscal, mesmo condescendendo que aqueles deputados
regionais acabarão por votar contra o Orçamento, uma vez concluída a exibição
da sua musculada negociação. A boa vontade conta, também nada de novo.»
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