quarta-feira, 25 de maio de 2022

NOTÍCIAS DO CIRCO

Ana Leonardo Coimbra chega diariamente ao Café do Monte, medita, e fala com o parceiro da mesa ao lado dizendo que a frase de Sholom Aleichem  todos os dias tem de ser corrigida: «Os ricos continuam ricos e os pobres estão a morrer de fome, como sempre.»

 Porque os bilionários estão agora em Davos para gritarem hossanas nas alturas face aos incríveis aumentos das suas fortunas. A pandemia, o aumento dos preços dos alimentos, da energia, a guerra na Ucrânia, determinam que a pobreza vai cair, ainda mais, em patamares mais extremos, e determinará a impossibilidade de sobrevivência de muita gente.

 Francisco Louça, no Expresso diz-nos que um orçamento faz-se com rum, papas e bolos:

«A encenação à volta da lei, que pouco entusiasma os alinhamentos noticiosos, devorados pela tragédia ucraniana e pelos foguetórios do futebol, nem chega por isso a ensaiar algum artifício. Confirma-se que o governo tem nos liberais um aliado para reduzir o salário real da função pública, afinal Rui Rio sempre tinha razão ao colocá-los à sua direita, nada de novo. Confirma-se que o Chega vive de fogo fátuo, nada de novo. Verifica-se que o PSD-Madeira trata da clientela e, para tanto, consegue reduzir um imposto sobre o rum exportado e reabrir as inscrições de empresas na Zona Franca, uma galinha de ovos de ouro. O governo, que há um ano e galhardamente se recusa a cumprir a determinação da Comissão Europeia de fazer restituir mil milhões de euros de subsídios indevidamente pagos a 300 empresas, oferece mais este bónus aos maratonistas do planeamento fiscal, mesmo condescendendo que aqueles deputados regionais acabarão por votar contra o Orçamento, uma vez concluída a exibição da sua musculada negociação. A boa vontade conta, também nada de novo.»

Sem comentários: