Quando há dias, quis
completar a resposta a um comentário de Luís Eme sobre o indecente despedimento
da Visão, da escritora e jornalista Ana Margarida de Carvalho, tive necessidade
de consultar o livro «Memórias Vivas do Jornalismo» de Fernando Correia
e Carla Baptista.
Fiquei depois a
refrescar-me com a releitura de algumas páginas do livro, um vício gratificante
que utilizo constantemente, e fui cair numa história contada pelo jornalista
Roby Amorim, falecido em Dezembro de 2013, que refere a filha-da-putice feita ao escritor Carlos Eurico da Costa,
então jornalista do Diário Ilustrado.
O Diário
Ilustrado era propriedade da Sociedade Abel Pereira da Fonseca, que vivia do lucrativo comércio, entre outros, de vinhos, azeites e bacalhau, um
jornal recheado de bons jornalistas e
colaboradores, o mais possível contra a ditadura salazarenta, mas os proprietários
sempre se borrifaram para o jornal.
Só que um dia
mostraram-se interessados num grande projecto que era fazer alumínio em Angola,
isso necessitava da intervenção governamental e para isso era preciso estar bem
com o governo e tiveram a necessidade de controlar o jornal começando por dar
uma varridela nos jornalistas da casa, todos, ou quase, gente da oposição.
Um desses casos foi o despedimento de Carlos Eurico da Costa com um pretexto perfeitamente absurdo. Ele tinha tirado duas ou três linhas de chumbo (os jornais ainda se faziam a chumbo) porque era pescador, para fazer lá uns apetrechos para a pesca, duas ou três linhas de chumbo que custavam dez centavos ou qualquer coisa assim. Foi despedido por roubo.
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