sexta-feira, 18 de abril de 2014

EXPRESSÕES ATENTÓRIAS DA MORAL PÚBLICA



18 de Abril de 1974

No Tribunal Plenário de Lisboa continua o julgamento de cidadãos acusados de pertencerem à Acção Revolucionária Armada (ARA) A censura (recorte retirado de Os Segredos da Censura de César Príncipe) determina que as notícias do julgamento devem ser reduzidas à expressão mais simples.
Proibidas também todas as notícias da homenagem ao professor Óscar Lopes, assim como as notícias sobre um jantar de confraternização de antigos alunos do Colégio Militar.


Qualquer notícia sobre as sessões do julgamento das Três Marias, serão todas CORTADAS.



Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta eram acusadas de a partir da data de 1 de Março de 1971 terem escrito em conjunto, mediante prévia combinação, um livro ao qual deram o título de Novas Cartas Portuguesas que contém diversas passagens de conteúdo imoral e pornográfico, atentórias da moral pública.
Para os coronéis-censores pornografia e expressões atentórias da moral pública seria, possivelmente algo como as últimas palavras da última carta do livro:
Nas ancas tenho ainda a marca dos teus dedos; a marca da tua boca, o traço molhado da tua língua, dos teus dedos.
Desço:
Macio deve ser o chão que as árvores conservam com a sua seiva.
Não necessariamente meu amor sem ti a liberdade ou a pressa da morte do meu corpo.

Esta é a primeira carta do livro:  


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