30 de Abril de 1974
Foi há 40 anos.
Foi ontem.
Se quiser andar às voltas com a História, escolho este dia como a Hora
H do arranque do 25 de Abril, o dia em que o livro de General António de
Spínola,Portugal
e o Futuro, apareceu nos escaparates das livrarias.
Para trás ficaram as muitas reuniões que os capitães foram realizando
até chegarem à que aconteceu, 9 de Setembro de 1973, em Alcáçovas, onde é dada
a picadela
no elefante adormecido e fundado o Movimento dos Capitães.
A partir desse dia, e até hoje, fui deixando por aqui o
dia-a-dia do estertor da ditadura que durante 48 anos nos oprimiu.
Servindo-me de memórias, de um limitado arquivo com recortes
de jornais, fui juntando citações de alguns livros, a reprodução de algumas de
canções que marcaram um tempo de luta.
Ficaram pedaços de 99 dias daqueles anos de 1974.
Para mais não deu o curto e medíocre engenho.
Sexto dia da nossa vida em liberdade.
Esta é a primeira página do República.
Constante das notícias deste dia, o regresso a Lisboa, vindo
do exílio, de Álvaro Cunhal.
Nas páginas interiores podia ler-se que certa gente começava
a deixar as garras de fora.
Na 1ª página de A Capital uma fotografia mostrava a
ex-comissária da Mocidade Portuguesa Feminina a entregar a José Manuel
Tengarrinha a chave das instalações onde passaria a ficar sediado o M.D.P:
Começavam a aparecer os primeiros desmentidos de pessoas que
eram acusadas de terem sido informadores da PIDE-DGS.
O Diário de Lisboa informava que, por
ser feriado nacional, no dia 1 não havia pão.
Na última página a notícia de que o pide Sachetti foi preso
quando tentava passar a fronteira em Valença.
No Porto, um ex-pide suicidava-se.
Em todas os jornais podem ler-se chamadas de atenção para
que, nas manifestações do 1º de Maio, o povo e os trabalhadores, tivessem
cuidado com eventuais provocadores.
Esta veio publicada no Diário Popular:
Na véspera, na RTP, Sá Carneiro deu uma entrevista com um blá-blá-blá
de que Mário Castrim não gostou muito, e escreveu:
Sim, amanhã é mesmo dia de festa.
Com ironia, Mário Viegas dirá que o 25 de Abril dele acabou no dia 2 de Maio.
Alguém, que não recordo agora o nome, disse que do 25 de
Abril até ao 1º de Maio devo ter dormido, mas não me lembro. Na verdade, o dia
mais longo da minha vida não foi bem um dia: começou naquelas horas
vertiginosas do dia 25, até ao 1º de Maio, e que continuaram a sê-lo durante
uns meses.
Por fim, uma outra citação anónima:
Quem não viveu, esqueceu ou renunciou às delícias das ilusões desses
grandes dias nunca vai conhecer o exacto perfume das flores.
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