É preciso chegarmos a 28 de Abril de 1969 para voltarmos. a ouvir falar de Salazar e da sua doença.
A ocasião é a homenagem feita a Salazar por ocasião dos seus 80 anos.
O Notícias de Portugal escrevia:
Durante quase dez minutos o Presidente Salazar, de pé,
encostado a uma das varandas da sua residência na Rua da Imprensa, à Estrela,
agradeceu, profundamente comovido, os vibrantes e carinhosos aplausos da
multidão que ali se deslocou para o felicitar pela passagem do seu 80º aniversário
natalício.
Foi o primeiro aparecimento em público do Prof.
Oliveira Salazar, após a grave e demorada doença que o acometeu em Setembro do
ano passado. E mais uma vez os portugueses puderam testemunhar-lhe o quanto lhe
está grata a Nação pela obra gigantesca que conseguiu realizar.
Pessoalmente, o venerando estadista quis, pessoalmente,
através rádio e da televisão,
dirigir ao país palavras de agradecimento:
O número de pessoas que se interessaram pela minha
saúde e vida quando gravemente comprometidas, comoveu-me profundamente.
É a primeira vez que me apresento em público e não
podia deixar de ter no meu espírito todas essas manifestações de amizade,
carinho e interesse, para lhes render o tributo da minha gratidão.
Deus foi infinitamente bom para com as nossas súplicas
e demonstrações de aflição. Pedimos-Lhe que continue a proteger-nos.
O Notícias de Portugal referia ainda os milhares e
milhares ramos de flores – ramos artisticamente armados, singelas rosas
ou cravos, malmequeres, orquídeas, violetas, flores silvestres – que durante
o dia foram chegando à residência, enviados por gente anónima e altas
individualidades. Também telegramas do estrangeiro e de todo o
Portugal europeu e ultramarino.
Às 12,15, na capela da residência, o cardeal patriarca Gonçalves
Cerejeira celebrou missa pela continuação das melhoras do Presidente
Salazar, tendo assistido ao acto os seus mais íntimos amigos e familiares.
O Chefe do Estado, ausente em visita ao Porto, enviou um cartão de felicitações.
O mesmo fez o Presidente do Conselho, tal como os membros do governo.
Durante a tarde, Salazar recebeu ainda a visita de um grupo de crianças
que lhe levaram um bolo com 80 velas e lhe cantaram os parabéns.
Até à sua morte, no dia 27 de Julho de 1970, o País continuará a
assistir a esta rábula escrita, encenada e montada, pelos fiéis seguidores do
ditador.
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