segunda-feira, 28 de abril de 2014

AS 80 VELAS DE SALAZAR


É preciso chegarmos a 28 de Abril de 1969 para voltarmos. a ouvir falar de Salazar e da sua doença.

A ocasião é a homenagem feita a Salazar por ocasião dos seus 80 anos.

O Notícias de Portugal escrevia:

Durante quase dez minutos o Presidente Salazar, de pé, encostado a uma das varandas da sua residência na Rua da Imprensa, à Estrela, agradeceu, profundamente comovido, os vibrantes e carinhosos aplausos da multidão que ali se deslocou para o felicitar pela passagem do seu 80º aniversário natalício.
Foi o primeiro aparecimento em público do Prof. Oliveira Salazar, após a grave e demorada doença que o acometeu em Setembro do ano passado. E mais uma vez os portugueses puderam testemunhar-lhe o quanto lhe está grata a Nação pela obra gigantesca que conseguiu realizar.

Pessoalmente, o venerando estadista quis, pessoalmente, através rádio e da televisão,
dirigir ao país palavras de agradecimento:

O número de pessoas que se interessaram pela minha saúde e vida quando gravemente comprometidas, comoveu-me profundamente.
É a primeira vez que me apresento em público e não podia deixar de ter no meu espírito todas essas manifestações de amizade, carinho e interesse, para lhes render o tributo da minha gratidão.
Deus foi infinitamente bom para com as nossas súplicas e demonstrações de aflição. Pedimos-Lhe que continue a proteger-nos.


O Notícias de Portugal referia ainda os milhares e milhares ramos de flores – ramos artisticamente armados, singelas rosas ou cravos, malmequeres, orquídeas, violetas, flores silvestres – que durante o dia foram chegando à residência, enviados por gente anónima e altas individualidades. Também telegramas do estrangeiro e de todo o Portugal europeu e ultramarino.

Às 12,15, na capela da residência, o cardeal patriarca Gonçalves Cerejeira celebrou missa pela continuação das melhoras do Presidente Salazar, tendo assistido ao acto os seus mais íntimos amigos e familiares.


O Chefe do Estado, ausente em visita ao Porto, enviou um cartão de felicitações. O mesmo fez o Presidente do Conselho, tal como os membros do governo.

Durante a tarde, Salazar recebeu ainda a visita de um grupo de crianças que lhe levaram um bolo com 80 velas e lhe cantaram os parabéns.

Até à sua morte, no dia 27 de Julho de 1970, o País continuará a assistir a esta rábula escrita, encenada e montada, pelos fiéis seguidores do ditador.

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