20 de Abril de 1974
Uma nota da PIDE/DGS dá conta da perseguição e prisão de indivíduos de várias organizações comunistas.
Desde o início do corrente mês, mas com maior intensidade nos últimos
dias, tem-se verificado por parte de várias organizações comunistas, uma grande
actividade na difusão de panfletos e outras actuações de propaganda através das
quais se incita a acções revolucionárias no 1º de Maio.
Com base nas averiguações feitas, foram detidos em Lisboa 15 indivíduos e 15 no Porto.
Com base nas averiguações feitas, foram detidos em Lisboa 15 indivíduos e 15 no Porto.
Nada impediu que nas paredes da baixa de Lisboa aparecessem
as inscrições:
O 1º DE MAIO É VERMELHO!
O 1º DE MAIO É VERMELHO!
A todos os títulos curiosa, mas não só!, a breve notícia que O Século publicava dando conta que três jovens, dois canadianos e um argentino, foram detidos sob a acusação de “prática de imoralidade". Foram presos por, segundo o agente da PSP, estarem descalços e de tronco nu deitados na relva. No relatório enviado ao Comando da corporação, o agente informa que aqueles cidadãos estrangeiros estavam “a ofender a moral pública”.
Dia do Turista.
Os estrangeiros receberam flores e as Cartas de Soror Mariana traduzidas
em inglês, francês e alemão.
Otelo Saraiva de Carvalho em Alvorada em Abril:
Uma certa falta de confiança, afinal, persistia também em alguns dos
mais altos responsáveis do Movimento. Nas vésperas do Dia D, Vasco Gonçalves,
que já tinha a assistido a fracassos anteriores, cogitava para Vítor Alves, em
termos condicionais: «Ah! Se o Movimento conseguisse ganhar, como era bom daqui
por uns dois anos, termos uma social-democracia em Portugal! Mas é muito
difícil, sabe? Os tipos têm um aparelho muito forte.»
(…)
- Não entrando em linha de conta com os imponderáveis, garanto uma
probabilidade de êxito de oitenta por cento para uma vitória concretizada em
doze horas a partir da Hora H.”
Vítor manteria, até ao fim, a sua incredulidade. Olhando-me estupefacto, comentou:
- Booolas! Se me tivesses respondido com vinte por cento de probabilidades de êxito, eu tinha achado sensacional! Invertendo os valores e garantindo oitenta, não estarás, como de costume, a ser demasiado optimista?
Vítor manteria, até ao fim, a sua incredulidade. Olhando-me estupefacto, comentou:
- Booolas! Se me tivesses respondido com vinte por cento de probabilidades de êxito, eu tinha achado sensacional! Invertendo os valores e garantindo oitenta, não estarás, como de costume, a ser demasiado optimista?
Legenda: pormenor da pág. 350 de Alvorada em Abril de
Otelo Saraiva de Carvalho, Livraria Bertrand, Lisboa, Dezembro de 1977.
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