quarta-feira, 9 de abril de 2014

ERA UM BARCO CHEIO


9 de Abril de 1974

Comunicado do Serviço de Informação Pública das Forças Armadas:

A bordo do navio «Niassa», à hora marcada para a partida, 18 horas, deflagrou um engenho explosivo num porão adaptado a dormitório de praças. Como estas se encontravam na amurada, presenciando a partida ou despedindo-se dos seus familiares, a explosão apenas provocou, além de estragos materiais ainda não avaliados, conclusões ligeiras em quatro militares em virtude da deslocação do ar. 

O Niassa estava atracado no cais de Alcântara pronto a partir com mais um contingente de tropas para as colónias

O atentado foi reivindicado pelas Brigadas Revolucionárias.

No dia 11 de Abril o Coronel Saraiva,  da Censura, dava indicações para os jornais:

 Niassa - Já se pode dizer que saíu. O barco só largou às 23 horas por ter tido necessidade de fazer novas provisões, estragadas pela explosão. Quanto ao nome dos feridos – NADA!

As tristes, dolorosas e desesperadas despedidas dos militares na Rocha Conde de Óbidos, no Cais de Alcântara.

Era um barco, um barco onde ele ia, era um barco, como se lê num poema do Fernando Assis Pacheco, ou António Lobo Antunes a dizer: pode esquecer-se a guerra, mas ela não nos esquece. Deu cabo da nossa juventude e há-de dar cabo da nossa velhice.

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