segunda-feira, 28 de abril de 2014

O CAMALEONISMO


O quarto dia da nossa vida em liberdade.

Barradas de Oliveira é demitido de director do jornal Época, que ontem não saíu para as bancas.
Depois de populares terem, anteontem, tentado destruir as instalações do jornal, que era um sustentáculo da ditadura, o Conselho de Redacção nomeou José Manuel Pintasilgo chefe de redacção de ex-Época, como director do jornal que passa, a partir de hoje, a publicar-se com o nome de A Época.
Esta é a capa do nº1 do ano I de A Época.
Começam a esboçar-se os primeiros sinais de camaleonismo.
Atente-se no final da sua declaração de princípios:

  
São manchete em todos os jornais a chegada a Lisboa de Mário Soares, bem como a recepção entusiástica que milhares de pessoas prestaram à sua chegada à estação de Santa Apolónia, no regresso do exílio em Paris.
Pela primeira vez os jornais dão conta da pretensão de o próximo 1º de Maio ser decretado feriado nacional. O pedido foi formulado pelo «leader» da C.D.E., prof. Francisco Pereira de Moura, durante a reunião de ontem com a Junta de Salvação nacional

O Diário Popular noticia que, num avião militar, partem amanhã, com destino ao Funchal a esposa e a filha do ex-presidente da República Américo Tomás.
Desde o dia 25, mais de um milhão de exemplares do Diário Popular têm sido disputados aos ardinas. Ontem, o jornal colocou três tiragens nas bancas.


Fotografia publicada na página 14 de A Capital que mostra o baptismo do novo nome da Ponte sobre o Tejo.
A acção foi levada a cabo por um movimento espontaneamente formado e denominado 1º Comité de Acção Popular.


Destaque na 1ª página de O Século para a prisão de Silva Pais, ex-director da PIDE-DGS.

O Diário de Lisboa reproduz na 1º página o «poster» da autoria de João Abel Manta que é apresentado nas páginas centrais.
Primavera? é o nome que o artista lhe deu que, por motivos demais conhecidos, há tempo não publicava qualquer trabalho no nosso jornal.


Mário Castrim dedica a sua crítica de televisão às imagens da libertação dos presos políticos em Caxias.
Este é o começo da crónica:

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