Começou a pingar, nada do outro mundo.
Sorte das sortes – há bruxas! – encontrei na Letra Livre o Vitor Silva Tavares a quem, em Dezembro de 2012,
por ocasião do lançamento do Para já Para já, prometera mostrar-lhe a
minha colecção encadernada da &Etc., ficou encontro marcado, e aproveitar para, finalmente, olhar o
subterrâneo maravilhoso que já deu um lindíssimo livro.
Quando saímos da Letra Livre
continuava a chover, mas um pouco mais forte.
Subir o que restava da Calçada do Combro, entrar pela Orion dentro para um fininho e pastel de bacalhau.
Findo o repasto, chovia torrencialmente.
O Luís tinha um encontro marcado na Associação 25 de Abril e avançámos para o Largo do Camões onde aproveitaria
para comprar uma umbrella - mais uma, disse -, odeio umbrellas e de corpinho
bem feito, encharcado, ataquei a descida da Rua do Alecrim e a pensar que nada
que a barra mansa do British-Bar
não conseguisse resolver.
Lá chegado, o espanto ficou um grande ah! na minha cara.
Fechado para obras.
Olhei para dentro, apenas operários, nenhum dos trabalhadores do bar.
Informei-me.
Disse quem por lá se encontrava a trabalhar, que apenas estão a fazer
limpezas, juntar alguns melhoramentos, ajeitar as casas de banho, lavar a cara,
nada de especial, sublinharam.
Mas diz-se tanta coisa hoje em dia, e nada se cumpre, pelo que o melhor é
esperar para ver.
O relógio que anda ao contrário, que aparece em A Cidade Branca do Alain Tanner disseram que vai continuar, não
falaram na fotografia do José Cardoso Pires, mas espero que não se atrevam
atirá-la.
Pode ser que tudo corra bem…
Certo, é que da vez anterior, por ocasião das grandes obras, mão
danificaram o estilo.
Apenas aumentaram ligeiramente os preços.
Nada a que não estejamos habituados.
Porque não se pode destruir um bar que consegue parar o tempo, que tem um
relógio que anda ao contrário.
No British-Bar a única
música ambiente é o tilintar do gelo nos copos, e todos os seus trabalhadores
(antes e depois do dia mágico) têm o recato e a discrição dos verdadeiros
barmen: o que ouvem é como se não tivessem ouvido.
O Cais do Sodré apresentava um pandemónio de trânsito, gente a correr,
buzinadelas.
Quarenta e cinco minutos à espera do autocarro, lembranças ainda da barra
mansa do BB e o trautear de uma
velha canção, vinda não sei a que propósito, talvez que por Abril já entrámos e
que diz quem somos, o que fazemos aqui, quem nos abandonou, do que nos
esquecemos…
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