terça-feira, 15 de abril de 2014

O ROMANCE DE UM ÍDOLO


15 de Abril de 1974

Há dois dias, a sala do Politeama, foi pequena para conter a multidão que quis assistir à estreia de Eusébio, a Pantera Negra, filme de Juan de Orduña, que, vítima de um acidente de viação, nos primeiros dias de Fevereiro, não concluiu o filme.
Diz quem viu, que o filme é um perfeito desastre, um nítido oportunismo à volta da grandeza, da popularidade de Eusébio da Silva Ferreira.
Houve quem poupasse horas de vida em não ir ver o filme mas outros, grande parte, têm esgotado as sessões e gritam, aplaudem, assobiam como tudo estivesse a acontecer no estádio.
A agenda do Cinéfilo, coloca-o no espaço de DIA NÃO e explica desta maneira:
Eusébio já viu e não gostou. Para nós tem o maior crédito a opinião de profissional tão competente e só lamentamos que o seu nome possa servir para avalizar negociatas deste jaez, que apelam, única e exclusivamente, para a exploração mais rasteira de um fenómeno, que interessa muita gente neste País – o desporto e os seus praticantes.
Num terreno tão propício (oh, se era!) a uma análise das implicações sociais e humanas do desporto profissional na vida de certas sociedades e com uma figura, como a de Eusébio, tão significativa da apropriação de um atleta para fins que já ao desporto não dizem respeito, que polémico filme se poderia ter feito, se os interesses em jogo não fossem movidos pela mera sede de lucro fácil. Mas, no fundo, não será isto, em grande parte, a desgraça permanente de um homem como Eusébio?

Registam-se greves em grandes empresas como a UCAL, a Siemens, a Motra, a UTIC, a Philips.
O Sindicato Nacional dos Empregados Bancários do Distrito de Lisboa protesta contra a proibição governamental de uma assembleia geral para discussão da revisão salarial.

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