sexta-feira, 4 de abril de 2014

OLHAR AS CAPAS


A Noite da Vergonha

Mário Ventura
Capa: Guilherme Casquilho
Livraria Bertrand, Lisboa s/d

É detestável, eu sei, mas não me posso contrariar. Não consigo vê-los de outra forma que não seja a de vermes a rastejar, a rastejar sempre, eternamente, sem um momento de revolta ou de lucidez… Não vislumbro neles qualquer espécie de elevação, a não ser a de viver, se é que a involuntariedade desse acto lhes deixa qualquer mérito. Como se nada tivessem do que eu penso que faz um ser humano digno e consciente: simplicidade, raciocínio, capacidade de agir. E contudo sei que não é assim; crei até, e com convicção, que se encontram no mesmo plano que eu, e quantos deles acima de mim… Mas para o compreender, para o sentir verdadeiramente, necessito de presenciar a sua vida, os seus problemas. Assim, visto à distância, num cenário que nada tem de humano, possuem o sabor de fantoches, de bonecos articulados, a provocarem um riso amargo…

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