domingo, 17 de fevereiro de 2019

ETECETERA


O poeta e professor universitário Manuel Gusmão recebeu a Medalha de Mérito Cultural como reconhecimento do Governo português.

Discurso de Graça Fonseca, Ministra da Cultura:

«Há conjugações perfeitas como esta, de estar aqui neste lugar quase mágico, quase ficção, que é a Biblioteca do Palácio da Ajuda e prestar homenagem a um poeta e ensaísta como Manuel Gusmão, que certamente não levará a mal que o caracterize também como uma biblioteca, tanto de si mesmo, como de nós enquanto linguagem e poesia. Mas há também lugares ingratos e um deles é encerrar esta cerimónia e colocar as minhas palavras depois das de Manuel Gusmão, tão bem e tão musicalmente lidas por Fernanda Lapa e Ana Gusmão. O que me cumpre, assim postas as coisas, é reconhecer o óbvio e declarar esta medalha como aquilo que ela pode representar face a um autor como Manuel Gusmão. Ela não vem afirmar o mérito cultural de um poeta em que os séculos de tradição são convocados para criar um depoimento singular e incisivo sobre os dois séculos em que viveu. O mesmo sobre um professor e ensaísta lúcido, dedicado e que criou, nos seus textos, formas e pontes de leitura dos grandes autores da poesia portuguesa do século XX, muitos deles seus pares e contemporâneos, como Herberto Helder e Carlos de Oliveira. Se as palavras pouco podem, quanto mais as medalhas. Prefiro, a tudo isto, olhar para esta medalha como uma homenagem ao poeta Manuel Gusmão e, através dos seus textos, à grande literatura portuguesa do século XX e aos seus pares, a José Gomes Ferreira, a Carlos de Oliveira, a Nuno Bragança, a José Cardoso Pires, entre tantos outros. Digo-o porque tanto enquanto autor, como crítico ou investigador, o diálogo fez parte da forma poética de Manuel Gusmão, na procura de beleza como uma exultação comunicável e partilhável. Termino evocando uma poderosa associação de conceitos que Manuel Gusmão utilizou para dar título a um dos seus livros de ensaios: tatuagem e palimpsesto. Esta condição paradoxal de permanência e reescrita, de perenidade e reutilização, que não deixa de ser testemunhada por estas estantes que nos rodeiam, parece-me encerrar muito do percurso poético, autoral e pessoal que hoje homenageamos. O que me resta é, agora, reconhecer tudo isto e agradecer a Manuel Gusmão por dignificar, com o seu nome, este mérito cultural que não se reconhece, mas que se diz, tal como a poesia, até contra as evidências. Somos todos, por assim dizer, bibliotecas, mas uns têm a sorte de dedicar toda uma vida à Biblioteca, agora com maiúscula».

Um poema de Manuel Gusmão:

E o que te diz ela a ti … essa canção
que só pode ser ouvida por quem
na sua própria voz cantando a escuta?
– Nada lhe peço que me diga Apenas
que venha que continue a chegar
até mim com a sua morte a viver
oferecida viva e sem remédio.
E há então… uma tal soturna idade
uma tão violenta doçura… agora
que para sempre… por momentos
adia o meu morrer.

QUOTIDIANOS

1.

O nível cultural, intelectual da maioria dos nossos juízes não se recomenda.

Também podemos sobre Direito, duvidar do que andaram eles a aprender na Faculdade.

Há dezenas de casos de péssimas atitudes e decisões de juízes, mas peguemos nesta.

Uma advertência registada foi a pena disciplinar aplicada a Neto de Moura, juiz do Tribunal da Relação do Porto que desvalorizou uma agressão grave praticada pelo marido contra a “mulher adúltera”, num acórdão de Outubro de 2017.

O Conselho Superior da Magistratura determinou essa pena disciplinar com apenas quatro votos, tendo sido necessário ao presidente usar o voto de qualidade. Outros quatro membros do conselho defenderam a aplicação de uma pena de multa e os sete que votaram a favor do arquivamento do caso optaram pela abstenção. Numa anterior decisão igualmente controversa – oito votos a favor e sete contra - o órgão de tutela dos juízes recusou arquivar o caso, como sugeria o conselheiro que analisou o processo.


Recorde-se que o citado juiz nos dois acórdãos de 2017 que fundamentaram a abertura do processo disciplinar de que foi alvo (foram detectadas outras decisões do mesmo autor, mais antigas, com argumentações semelhantes, mas a responsabilidade disciplinar por aquelas já havia prescrito), o juiz desembargador do Tribunal da Relação do Porto apelida as vítimas de adúlteras, mentirosas, falsas e desleais, cita a Bíblia, invoca costumes religiosos e tradições que as punem com a morte ou normas legais de antanho que permitiam aos maridos o direito de as matar.

O advogado do desembargador Neto de Moura diz que o juiz irá recorrer da advertência para o Supremo Tribunal de Justiça.

2.

O que se vai conhecendo sobre  a gestão dos diversos Conselhos de Gerência da Caixa Geral de Depósitos, são uma vergonha,

Luís Marques no Expresso:

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