domingo, 3 de fevereiro de 2019

OCEANO


Olho a praia. A treva é densa.
Ulula o mar, que não vejo,
Naquela voz sem consolo,
Naquela tristeza imensa
Que há na voz do meu desejo.

E nesse tom sem consolo
Ouço a voz do meu destino:
Má sina que desconheço,
Vem vindo desde eu menino,
Cresce quanto em anos cresço.

– Voz de oceano que não vejo
Da praia do meu desejo… 

Manuel Bandeira em Obras Poéticas 

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