Ao
fazer a mala reparou que pouco
levava daquela
lúgubre cidade.
Alguns vestidos, as
primeiras frésias
que tivera de
presente, agora murchas,
uma dezena de
exemplares de Moody
que lhe serviam
para amortalhar o resto.
Se é que alguma
coisa restava, pensou
junto ao aparador,
enquanto no espelho
se perdia o fogo
ruivo dos cabelos,
sublinhado pelo
negrume do olhar.
Ao ajoelhar-se
sobre a mala, escreveu,
em vez do seu nome,
«Goodbye to love».
Era também a sua
única morada,
até que a morte ou
a chuva a apagassem.
Manuel de Freitas em resumo:
a poesia em 2011
Legenda: fotografia
Shorpy
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