Ainda existem as
ruas onde por acaso
nos encontrávamos?
Tantos dias correram
num ano, viam-me em
dias de mais
desejo apressar os
passos, olhar para
o relógio, pôr
falhando os discos
nas capas. Parecia
ter sido só uma
despedida de um dia
para o outro, agora
se escrevo é porque
és apenas uma imagem
da memória, pouco
faltará para que
guarde de ti um
risco, um embaraço.
E sempre chegarei a
tactear o rosto,
fingir que me
lembro de alguns sinais,
das poucas palavras
necessárias para que
eu aceitasse, duas
vezes o meu corpo
esteve como teu,
outras mais do que
podes pensar. Na
volta de uma esquina
não reparo,
tropeço, encontro, o último
sorriso começa a
nascer.
Helder Moura Pereira
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