Desde há muito que somos prisioneiros,
mortos muito antes de nascermos,
heróis predestinados ao silêncio das cadeias e à
pobreza.
As notícias de beleza que nos chegam são erradas,
e baionetas crescem a cercar-nos.
Sitiados é que somos, embora
nenhuma baioneta evite o voo e o gesto de ir além.
Junto às portas, janelas e canteiros,
o arame farpado da propriedade alheia.
Pouco mais,
além da madrugada oferecida em prenúncio de esperança.
Prisioneiros das cidades e das vozes,
Somos ainda mais cercados de os amigos o serem também,
e até as flores.
Nunca entretanto sobre nós pode a força
Dos arames cortantes e das grades,
Que sob os pés pisados o abismo
Nunca é bastante para s nossas asas.
Eduardo Valente
da Fonseca em 71 Poemas
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