Os gradeamentos das
janelas
negam a quem os
contempla da rua
qualquer sugestão
de vida
a ser vivida por
trás das grades.
Os caixilhos de
ferro forjado
sugerem locutórios
de um convento
da mais ascética
austeridade,
como se o espaço
(cujo acesso
as grades
peremptoriamente vedam)
fosse votado por
inteiro a extremos
exacerbados de
misticismo e de penitência.
Mas também se
pressentem salões escuros,
onde paira sempre o
cheiro fresco a encerado,
ou a perfume de
rosas e noz-moscada;
paredes revestidas
de damasco,
cobertas de grandes
telas,
paisagens
campestres e naturezas mortas.
Medalhões de talha
dourada, segurados
por fitas de seda
listrada a duas cores;
silhuetas de damas
coroadas de peruca,
fantasmas da corte
da Rainha Louca,
móveis nas suas molduras de tartaruga e charão.
Frederico Lourenço em Resumo:a poesia em 2010
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