domingo, 28 de março de 2021

DE CARA A LA PARED


foi talvez a nossa última canção.

 

oiço ainda os corpos a vincar a noite,

um campo minado de corações tristes

explodindo o rosto na parede.

 

muitas músicas depois

quando as paredes eram já outras

e nas caras se perdiam novos nomes

 

voltei a ela: ficara-me sempre, afinal,

um terrível verso solitário

e a culpa de a ter levado

 

a um coração onde as canções

morreriam de frio.

 

Renata Correia Botelho em Resumo: a poesia em 2010 

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