Margem da Ausência
Urbano Tavares
Rodrigues
Fotografias de
Fernando Curado Matos e Carlos Melo Santos
Edições ASA, Porto, Setembro de 1998
O nosso gato siamês desapareceu. Talvez volte, como da última vez,
talvez não. O nosso passado de cinco anos está a desfiar-se, a minguar, a fugir
para fora do real.
Ontem fiquei por muito tempo a observar um crepúsculo diferente de
todos, violeta aberto em ogivas, nas quais eu via acumularem-se memórias e
presságios. Eram portas abertas não só para a noite, mas para uma espécie de
agonia universal. E a música da terra a esfriar, soma de muitas nostalgias e
incertezas, misturava-se com essa luz que falava também de ti.
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