A última crónica de Ana Cristina Leonardo no Público de 21 de Junho de 2024, contrariamente ao que é habitual, teve diversos reparos. A crónica tinha o título «À espera de um milagre da Senhora dos Aflitos», referia levemente a guerra em Gaza mas, porque andamos em tempo de pontapé na bola, copio um desses comentários mas que não têm a ver com o genocídio perpetrado por Netanyahu:
«Os conflitos são muitos, mas nada nos
faz mudar as preferências que fazem arrostar os carolas do seu desporto
preferido: o futebol. Venha o que vier (nem o aviso de que o pai se está
enforcando desmotiva aquele “ataque final” de um qualquer que está marcando um
penalti) os desvia da imagem da TV naquele minuto crucial. Somos um país antigo
nascido de uma árvore de folha perene de fundas tradições que não desvia os
seus cidadãos de uma soneca à sombra dos nossos ilustres cidadãos. Não é do
vácuo que faço estas citações. É por não gostar delas que cito Almada Negreiro:
Se isto é ser Portugal, antes, queria ser espanhol.»
1.
A 17 de Junho foi formalizada a candidatura de
Arrábida ao reconhecimento de património mundial. Alguém disse:
«Só assim garantimos que o queijo de Azeitão ou a maçã
camoesa continuam no território».
Felizes, onde estiverem, encontraremos o poeta
Sebastião da Gama que amava a sua serra-mãe e o crítico e escritor João Bénard
da Costa, que todos os anos, por Setembro, arrabidava e, como ninguém conhecia
a Mata do Solitário.
«O murmúrio é a alma de um Poeta que se
finou
e anda agora à procura, pela Serra,
da verdade dos sonhos que na Terra
nunca alcançou.»
2.
O número de
mortos durante a peregrinação muçulmana a Meca, que decorreu sob forte calor,
ultrapassou os mil, segundo uma contagem efetuada pela agência noticiosa
France-Presse. 3. Em 2023 o número médio mensal de imigrantes
registados na Segurança Social e a trabalhar por conta de outrem superou os
495 mil, um acréscimo de 35,5% face ao ano anterior; em 10 anos, de 2014 a 2023,o número de
trabalhadores estrangeiros cresceu nove vezes e são já mais de 20% as
empresas que recorrem a imigrantes; os três sectores mais dependentes
de imigrantes são a agricultura, o turismo e a construção; os imigrantes em
Portugal são sobretudo jovens com a média de 33 anos, 63% são homens, 37% são
mulheres e estão sobretudo concentrados nas áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto, Algarve e Litoral Alentejano; recebem salários 15% mais
baixos que os dos portugueses. |
4.
As pensões médias encolheram 15% nos últimos 15 anos; em Fevereiro foram registados mais 7,2 mil desempregados no país; mais de 65% dos jovens portugueses abaixo dos 30 anos recebem menos de mil euros líquidos mensais.
5.
«A mistificação parte do princípio de que em 2024 há unanimidade à volta do 25 de Abril, o que não é verdade. O modo como à direita, radical, se tem usado como contraponto ao 25 de Abril o 25 de Novembro é objectivamente contra o 25 de Abril, até porque o 25 de Novembro da direita é uma falsificação histórica. Não me parece que o objectivo de criar uma comissão oficial para celebrar o 25 de Novembro seja para homenagear o grande lutador pela democracia em 1975 no plano civil, Mário Soares, ou o partido mais relevante nessa luta, o PS, e os militares do Grupo dos Nove, como Vasco Lourenço ou Sousa e Castro ou Ramalho Eanes e o Presidente Costa Gomes, tudo gente que a direita detesta. E limitar essas comemorações a Jaime Neves, que actuou sob ordens, é um reducionismo absurdo, assim como esquecer o papel decisivo de Melo Antunes, que somou à derrota da esquerda militar no dia 25 a vitória sobre a contra-revolução, recusando no dia 26 ilegalizar o PCP.»
José Pacheco Pereira no Público
6.
Em Novembro será interessante ver como será a dimensão da
manifestação “popular” que as direitas arranjaram para comemorarem o 25 de
Novembro.
Virão, desde o Portugal profundo as «massas populares».
Chegarão, à capital, em camionetas?
Serão eles que pintarão os cartazes? As palavras de
ordem?
Sem comentários:
Enviar um comentário