Lady Sings The Blues
William F. Rudy
Tradução
adaptação Framces Jude Rosário Duarte
Prefácio: José
Duarte
Edições
Antígona, Lisboa 1992
Foi durante a minha passagem pelo Café Society que
nasceu uma canção que se tornou o meu protesto pessoal: «Strange Fruit». O
embrião da canção estava num poema escrito pelo Lewis Allen. A primeira vez que
o vi foi no Café Society. Quando ele me mostrou aquele poema fiquei logo
impressionada. Parecia que falava de todas as coisas que tinham morto o meu
pai.
O Allen também tinha sabido das condições em que o meu
pai morrera e, claro, estava interessado na minha voz. Ele sugeriu que Sonny
White e eu fizéssemos a música para o poema. Por isso juntámo-nos os três e
fizemos o trabalho em três semanas. Também tive uma grande ajuda do Danny
Mendelsohn, um outro músico que já me tinha feito arranjos. Ajudou-me com muita
paciência a fazer o arranjo para a canção porque não tinha a certeza se
conseguia transmitir essas coisas, que tinham um significado para mim, ao
público de um clube fino.
Tinha medo que as pessoas detestassem. A primeira vez
que a cantei fiquei com a sensação que tinha sido um erro e tinha razões para
ter medo. Não houve sequer um ameaço de palmas quando acabei de cantar. Então
uma só pessoa começou a bater palmas nervosamente. E de repente toda a gente
estava a bater palmas.
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