I
Porquê o sono
que nunca durmo
De que me escondo
Com que me cruzo
Sob que escombros
de que futuro
me reencontro
ou me sepulto
Que mar ao longe
Que ruas sulco
Por onde rondo
Que céu Que burgo
este que em sonhos
em vão procuro
Porquê o sono
que nunca durmo
De que me escondo
Com que me cruzo
Sob que escombros
de que futuro
me reencontro
ou me sepulto
Que mar ao longe
Que ruas sulco
Por onde rondo
Que céu Que burgo
este que em sonhos
em vão procuro
II
Sou o que somos
e o que descubro
cosido ao longo
de tantos muros
Corvos e lobos
mais do que surdos
cegos ao fogo
de outros minutos
E desde que ombros
até que pulsos
morrem de um polvo
braços inúmeros
Ai destes troncos
que já são túmulos
III
Rondam em torno
carros soturnos
Corpos sem ombros
prendem-se ao fundo
feito de lodo
de um rio sujo
E o mar ao longe
E o céu do burgo
só o componho
se o reconstruo
Ah que malogro
ah que absurdo
viver no sono
deste aqueduto.
David Mourão Ferreira de Os Ramos Os Remos em Obra Poética.
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