Dia de Finados,
ou Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados.
A minha avó
marcava o dia de finados acendendo, numa grande cómoda, de madeira muito
antiga, lamparinas de azeite, que se reduziam a um pires com azeite e um paviozinho,
colocadas junto aos santos de devoção e às fotografias dos seus mortos.
A minha mãe
seguiu-lhe as pisadas, mas já não com tanto fervor e cedo abandonou a prática.
Aos poucos, vai-se perdendo o culto dos
mortos.
A incineração
emprestou ao ritual da morte, outros olhares.
Creio que foi em
José Tolentino Mendonça que li a interrogação:
E se pensar na morte fosse a melhor maneira de dar
valor à vida?
À beira do fim há sempre tanta coisa que começa!
Escreveu ainda:
Mas o poeta
russo, Vladimir MaiaKovski, expressava:
Não é difícil morrer. Viver é muito mais.
Outro russo,
Anton Tchekov:
Procurava o seu habitual medo, o anterior medo da
morte e não o encontrava. Onde estará ela? Qual morte” Não tinha medo nenhum,
porque também não havia morte.
Em lugar da morte havia uma luz.
- É então isto? – disse ele de súbito em voz alta. Que alegria!
Para ele tudo aquilo aconteceu num único instante e o significado desse instante já não mudou. Mas para aqueles que estavam presentes a agonia dele prolongou-se ainda por duas horas. Qualquer coisa fervilhava no peito dele; o seu corpo extenuado estremeceu. Depois o fervilhar e os estertores tornaram-se menos frequentes.
- Acabou-se! – disse alguém por cima dele.
Ele ouviu estas palavras e repetiu-as na sua alma. “Acabou-se a morte – disse a si mesmo – Já não existe.”
Inspirou o ar, parou a meio de um suspiro, esticou-se e morreu.
Em lugar da morte havia uma luz.
- É então isto? – disse ele de súbito em voz alta. Que alegria!
Para ele tudo aquilo aconteceu num único instante e o significado desse instante já não mudou. Mas para aqueles que estavam presentes a agonia dele prolongou-se ainda por duas horas. Qualquer coisa fervilhava no peito dele; o seu corpo extenuado estremeceu. Depois o fervilhar e os estertores tornaram-se menos frequentes.
- Acabou-se! – disse alguém por cima dele.
Ele ouviu estas palavras e repetiu-as na sua alma. “Acabou-se a morte – disse a si mesmo – Já não existe.”
Inspirou o ar, parou a meio de um suspiro, esticou-se e morreu.
E há aquela fala
na Grande Paz de Edward Bond:
Legenda: pintura de Jakub Schikaneder.
O título é uma frase de Cesare Pavese
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