Domingo há Eleições Autárquicas.
Longe vão os tempos em que o Poder Local foi considerado
como uma das bem interessantes Conquistas de Abril.
Tempos desempoeirados em que os autarcas, então eleitos,
se preocuparam com as escolas, o saneamento básico, o ambiente e não com
rotundas e pracetas num processo que veio a descambar num caciquismo vergonhoso,
em interesses de amigos e amiguinhos, em corrupções descontroladas, ligações
perigosas ao imobiliário, ao futebol e
que acabaram em enriquecimentos sem justa causa.
Conhecem-se alguns desses nomes.
Julgados, nem todos foram condenados.
Um sentir amargo, uma desilusão que não mais se apagará.
Claro que há autarcas competentes e honestos.
Nas eleições de domingo verifica-se o regresso de gente
que se esperava não voltarmos a ver nestas andanças.
Mas há um caso bem mais miserável: o candidato que se
apresenta pelo PSD, em Loures, um candidato cozinhado à medida por gente que circunda
e chafurda nesse vómito que dá pelo nome de Correio
da Manhã.
O espécime não gosta de ciganos, defende a prisão
perpétua, a castração química dos pedófilos, a pena de morte, aquilo que à mesa
da taberna a populaça costuma bolsar.
Que haja um tarado que assim pense, enfim, mas sabermos
que Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, o apoia sem vacilações é uma
javardice, talvez algo poior.
Há dias, perguntava um comentador:
E se o PSD ganhar
Loures e ficar em terceiro lugar (com os piores resultados da sua história) em
Lisboa e no Porto, que leitura política se pode fazer?
Remate final com Ferreira Fernandes, no Diário de
Notícias, a chamar ao personagem
«miasma».
Assim:
O candidato do PSD
para Loures aproveita tudo, até insultos, para propaganda. Mas será de recusar
dizer-lhe o nome só porque ele sofre de andré ventura? A Organização Mundial da
Saúde tem-se confrontado com o problema das doenças e o nome delas, porque este
pode induzir em erro. Por exemplo, um vírus ficou conhecido como gripe suína
mesmo não sendo disseminado por porcos. Ora, o candidato do PSD para Loures é
notoriamente um andré ventura, até o anuncia nos cartazes. Como a OMS aconselha
que as doenças sejam nomeadas em termos descritivos, "miasma andré
ventura", no caso estudado, parece-me adequado. Já chamar André Ventura a
André Ventura, talvez seja generalizador e até racista -- pode haver pedaços
dele que não estejam contaminados de andré ventura. Mas o mais importante é
conhecer os truques do vírus. Há dias, no debate da TVI, ele disse: "Sim,
Judite de Sousa, tenho medo." Ora, a jornalista não lhe tinha perguntado
por medo. O miasma disse-o a despropósito, porque tem fisgado inocular o medo,
não como nas vacinas, em doses ínfimas para combater a doença, mas em doses
cavalares para a difundir. Depois, interrompeu uma adversária e, quando ela
protestou, disse: "Não me interrompa." Sem vergonha nenhuma,
convencido de ser tempo que chegue cá a desfaçatez em debates políticos do
"chefe do Ocidente", como ele chamou dias depois a um outro miasma,
esse, grande e americano. Todos os pequenitos agentes infecciosos sonham
pertencer a uma pandemia.
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