sexta-feira, 29 de setembro de 2017

NOTÍCIAS DO CIRCO


Domingo há Eleições Autárquicas.

Longe vão os tempos em que o Poder Local foi considerado como uma das bem interessantes Conquistas de Abril.

Tempos desempoeirados em que os autarcas, então eleitos, se preocuparam com as escolas, o saneamento básico, o ambiente e não com rotundas e pracetas num processo que veio a descambar num caciquismo vergonhoso, em interesses de amigos e amiguinhos, em corrupções descontroladas, ligações perigosas  ao imobiliário, ao futebol e que acabaram em enriquecimentos sem justa causa.

Conhecem-se alguns desses nomes.

Julgados, nem todos foram condenados.

Um sentir amargo, uma desilusão que não mais se apagará.

Claro que há autarcas competentes e honestos.

Nas eleições de domingo verifica-se o regresso de gente que se esperava não voltarmos a ver nestas andanças.

Mas há um caso bem mais miserável: o candidato que se apresenta pelo PSD, em Loures, um candidato cozinhado à medida por gente que circunda e chafurda nesse vómito que dá pelo nome de Correio da Manhã.

O espécime não gosta de ciganos, defende a prisão perpétua, a castração química dos pedófilos, a pena de morte, aquilo que à mesa da taberna a populaça costuma bolsar.

Que haja um tarado que assim pense, enfim, mas sabermos que Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, o apoia sem vacilações é uma javardice, talvez algo poior.
Há dias, perguntava um comentador:

E se o PSD ganhar Loures e ficar em terceiro lugar (com os piores resultados da sua história) em Lisboa e no Porto, que leitura política se pode fazer?

Remate final com Ferreira Fernandes, no Diário de Notícias, a chamar  ao personagem «miasma».

Assim:

O candidato do PSD para Loures aproveita tudo, até insultos, para propaganda. Mas será de recusar dizer-lhe o nome só porque ele sofre de andré ventura? A Organização Mundial da Saúde tem-se confrontado com o problema das doenças e o nome delas, porque este pode induzir em erro. Por exemplo, um vírus ficou conhecido como gripe suína mesmo não sendo disseminado por porcos. Ora, o candidato do PSD para Loures é notoriamente um andré ventura, até o anuncia nos cartazes. Como a OMS aconselha que as doenças sejam nomeadas em termos descritivos, "miasma andré ventura", no caso estudado, parece-me adequado. Já chamar André Ventura a André Ventura, talvez seja generalizador e até racista -- pode haver pedaços dele que não estejam contaminados de andré ventura. Mas o mais importante é conhecer os truques do vírus. Há dias, no debate da TVI, ele disse: "Sim, Judite de Sousa, tenho medo." Ora, a jornalista não lhe tinha perguntado por medo. O miasma disse-o a despropósito, porque tem fisgado inocular o medo, não como nas vacinas, em doses ínfimas para combater a doença, mas em doses cavalares para a difundir. Depois, interrompeu uma adversária e, quando ela protestou, disse: "Não me interrompa." Sem vergonha nenhuma, convencido de ser tempo que chegue cá a desfaçatez em debates políticos do "chefe do Ocidente", como ele chamou dias depois a um outro miasma, esse, grande e americano. Todos os pequenitos agentes infecciosos sonham pertencer a uma pandemia.

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