Em carta, datada de 24 de Dezembro de 1974, Sena
pergunta-lhe:
«Que tens feito, que não dás notícias?»
Só a 23 de Janeiro de 1975, Eugénio lhe responde:
O meu silêncio já
não tem nome. Desculpa-me. Os dias passam não sei como. Jornais, rádio,
televisão – quase não faço mais nada. Não vejo os amigos, não sei que fazer,
provavelmente preocupados como eu com a fragilidade de todo o processo
político. Em certos aspectos nada mudou desde que aqui estiveste: o mesmo
abismo entre o poder económico e o poder político, a ausência de medidas
vigorosas no sentido de evitar saídas de capital, a mesma fragmentação se
espera (acentuado agora no PS com a saída do Manuel Serra, para constituir a
Frente Socialista, os fascistas instalados a todos os níveis, etc., etc.
Estamos, portanto, bem longe de uma revolução em marcha, por muito que se fale
nisso…
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