sábado, 9 de setembro de 2017

UM SILÊNCIO SEM NOME


Em carta, datada de 24 de Dezembro de 1974, Sena pergunta-lhe:
«Que tens feito, que não dás notícias?»
Só a 23 de Janeiro de 1975, Eugénio lhe responde:

O meu silêncio já não tem nome. Desculpa-me. Os dias passam não sei como. Jornais, rádio, televisão – quase não faço mais nada. Não vejo os amigos, não sei que fazer, provavelmente preocupados como eu com a fragilidade de todo o processo político. Em certos aspectos nada mudou desde que aqui estiveste: o mesmo abismo entre o poder económico e o poder político, a ausência de medidas vigorosas no sentido de evitar saídas de capital, a mesma fragmentação se espera (acentuado agora no PS com a saída do Manuel Serra, para constituir a Frente Socialista, os fascistas instalados a todos os níveis, etc., etc. Estamos, portanto, bem longe de uma revolução em marcha, por muito que se fale nisso…

Sem comentários: