terça-feira, 12 de setembro de 2017

ESTADO DA NAÇÃO NO TEMPO DE BUSH


Lembro-me de trabalhar numa grande parte do Magic no meu escritório em Ramson, mas, agora, tendia a escrever em qualquer sítio e em qualquer momento. Já não esperava, como no passado, as digressões da composição. Muitas vezes escrevei no meu camarim antes do concerto; ou depois – no meu quarto de hotel. Tornou-se um método de meditação no início de uma noite agitada.
Em silêncio, perdido nos meus pensamentos, viajei até sítios onde nunca estivera, vi através dos olhos de quem nunca conhecera e revivi os sonhos de refugiados e forasteiros. Esses sonhos eram, de algum modo, também os meus. Sentia os seus receios, as suas esperanças, os seus desejos, e, quando estes eram bons, descolava do meu buraco no hotel e dava por mim de volta a uma estrada metafísisca em busca da vida e do rock ‘n’roll. O Magic foi a minha crítica ao estado da nação em tempo de guerra no Iraque e aos anos da presidência de Bush.
Contudo, no Magic apontei em todas as direcções, para que as partes política e pessoal se misturassem. Pode ouvir-se todo o álbum sem nunca se pensar na política actual, ou, em alternativa, pode-se senti-la por entre a costura interna da música, na sua batida mortiça.

Bruce Springsteen em Born to Run

    
 

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