Lembro-me de
trabalhar numa grande parte do Magic
no meu escritório em Ramson, mas, agora, tendia a escrever em qualquer sítio e
em qualquer momento. Já não esperava, como no passado, as digressões da composição.
Muitas vezes escrevei no meu camarim antes do concerto; ou depois – no meu
quarto de hotel. Tornou-se um método de meditação no início de uma noite
agitada.
Em silêncio,
perdido nos meus pensamentos, viajei até sítios onde nunca estivera, vi através
dos olhos de quem nunca conhecera e revivi os sonhos de refugiados e
forasteiros. Esses sonhos eram, de algum modo, também os meus. Sentia os seus
receios, as suas esperanças, os seus desejos, e, quando estes eram bons,
descolava do meu buraco no hotel e dava por mim de volta a uma estrada
metafísisca em busca da vida e do rock ‘n’roll. O Magic foi a minha crítica ao estado da nação em tempo de guerra no Iraque e
aos anos da presidência de Bush.
Contudo, no Magic
apontei em todas as direcções, para que as partes política e pessoal se misturassem.
Pode ouvir-se todo o álbum sem nunca se pensar na política actual, ou, em
alternativa, pode-se senti-la por entre a costura interna da música, na sua
batida mortiça.
Bruce
Springsteen em Born to Run
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