Logo após uns dias de se tornar conhecido o assalto aos
paióis de Tancos, Vasco Lourenço declarou aos jornalistas que se tratava de uma
história muito mal contada, indo ao ponto de dizer tratar-se uma encenação
feita para derrubar o governo.
Quem andou pela tropa sabe que em instrução nas carreiras
de tiros, aqui e ali se gasta material e munições que, se atempadamente não se fizer
o controlo e respectivas descargas, a coisa descamba.
Provavelmente, não terá existido roubo algum ou apenas um
subterfugio para esconder leviandades.
O que realmente se passou, só a investigação policial e
militar em curso, poderá esclarecer.
Porém, aconteceu no sábado passado que o Expresso entendeu mandar para a praça
pública a existência de um documento cozinhado não se sabe onde. Os motivos de
tal notícia giram à volta de um qualquer pedido expresso da direita que nunca
mais consegue digerir que as últimas eleições não lhe permitiram formar o
governo que consideravam garantido, ou de alguns militares-topo-de-carreira
descontentes com o facto de se sentirem marginalizados pelo governo e chefias
militares.
O director do semanário declarou à SIC que na próxima
sexta-feira, dia de saída do jornal por causa dessa coisa fabulosa que dá pelo
nome de «tempo de reflexão eleitoral», surgirão mais, e outros, pormenores.
Antevê-se maior venda de papel para contrabalançar a
descida nas tiragens.
Ferreira Fernandes diz hoje na sua crónica no Diário de Notícias que Pedro Passos
Coelho interrogou-se:
Temos de comprar o
Expresso para saber o que se passa no país?
Mas quem é que hoje lê o Expresso, ou liga ao que o Expresso
escreve?
Diga-se em abono de algum rigor, que o ministro não se
mostrou, politicamente, o homem certo no lugar certo para conduzir o processo.
As chefias militares também não ajudaram e já seria mais que tempo de o governo
ter encontrado uma saída para este tancoso disparate.
Torna-se óbvio que há responsabilidade militar, mas daí à
exigência da demissão do ministro ou à queda do governo, são, como se diz na
bola, outros quinhentos.
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