A propósito deste Olhar as Capas, recuperamos um texto publicado neste Cais do olhar em 15 de
Outubro de 2011:
Quando Manuel da
Fonseca, publica Seara de Vento encerra
aí o seu grande percurso na prosa.
Segue-se um
interregno de 10 anos, interrompido pela publicação do livro de contos Um Anjo no Trapézio.
Numa entrevista a
Maria Teresa Horta publicada em A
Capital de 20 de Junho de 1968 disse Manuel da Fonseca:
“Pouco depois de “Cerromaior”, escrevi um romance.
Duzentas e tal páginas. Um sujeito que o leu, gostou. Eu não. Nem o publiquei.
Agora, que já tinha “esquecido” o tal romance inédito, mas não as pessoas, nem
os acontecimentos, dei-me à escrita, e as duzentas e tantas páginas ficaram
reduzidas a quarente e nove. O título do conto é o mesmo do romance “Um Anjo no
Trapézio”.
O livro foi muito
mal recebido pela crítica.
Alice Vassalo
Pereira escreveu no “Jornal do
Fundão” de 28 de Julho de 1968:
Manuel da Fonseca publica pouco. Sabemos isso. Temos
dele meia dúzia de livros, e um longo silêncio de cerca de dez anos entre a
publicação do último – “Seara de Vento” – e a de “Um Anjo no Trapézio” que
surge agora nas nossas mãos. Um longo silêncio apenas povoado, de vez em quando
de reedições e trabalhos dispersos por jornais. “Um Anjo no Trapézio” é a
palavra de quebrar o silêncio.
Mas (infelizmente) para certos casos o silêncio
continua a ser de oiro. E por vezes (agora) a palavra nem de pedra é…
José Gomes
Ferreira, nos seus “Dias
Comuns”, 5º volume, no dia 14 de Junho de 1968 escreve esta
entrada:
O Manuel da Fonseca publicou um livro novo: “O Anjo no
Trapézio.
Ainda não o li, mas gelou toda a gente.
O João José Cochofel:
- É muito mau… Com as palavras derretidas.
O Augusto Abelaira, a medo, com a delicadeza natural
de não dizer mal dos ausentes:
- “O Fogo e as Cinzas” é um livro formidável.
O Carlos de Oliveira sacode a cabeça apavorado com
esta verificação:
É terrível! Pode perder-se o talento!
Desgosto de família.
Damos os pêsames uns aos outros. Sinceros.
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