O Carteiro de Pablo
Neruda
Antonio Skármeta
Tradução: José Colaço Barreiros
Capa: Fernando Mateus
Colecção estórias nº 81
Editorial Teorema, Lisboa s/d
O que não conseguiu
o Oceano Pacífico com a sua paciência semelhante à eternidade, conseguiu-o o
simples e doce posto dos correios de San Antonio: Mario Jimenez não só se
levantava de madrugada, assobiando e com um nariz fluído e atlético, como se
lançou com tanta pontualidade no seu ofício que o velho funcionário Cosme lhe
confiou a chave do local, no caso de alguma vez se decidir a levar a cabo uma
façanha desde há muito sonhada: ficar a dormir de manhã até tõ tarde que já
fosse hora da sesta e dormir uma sesta tão grande que já fosse horas de deitar,
e ao deitar-se dormir tão bem e com um sono tão profundo que no dia seguinte
sentisse pela primeira vez essa vontade de trabalhar que Mario irradiava e que
Cosme meticulosamente ignorava.
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