Este não é o dia seguinte
do dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de
histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias,
figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação
do dia, mês, ano em que aconteceram.
«No uso de uma prerrogativa constitucional
que lhe confere o direito de expor à Assembleia Nacional assuntos de
«reconhecido interesse nacional, o Presidente do Conselho fez, no dia 5, àquela
câmara uma comunicação sobre política ultramarina que publicamos em suplemento
a este número do «Notícias de Portugal».
Transmitida em
directo pela rádio e pela televisão, a comunicação foi feita antes da ordem do
dia.»
Notícias de
Portugal, 9 de Março de 1974.
Citações do discurso que Marcelo, com casa
cheia, como se diz no futebol, proferiu na Assembleia Nacional:
«Nenhuma dúvida
pode haver de que o mais grave problema que presentemente se põe à Nação portuguesa
é o Ultramar.
(…)
Nunca será demais
recordar que as operações militares em Angola, em Moçambique e na Guiné
resultaram da legítima defesa perante uma agressão preparada e desesncadeada a
partir de territórios estrangeiros.
(…)
Como, porém tive
ocasião de dizer em Julho de 1972, «as forças militares que servem ma África
portuguesa e hoje têm cerca de metade dos seus efectivos constituídos por
africanos, não fazem a guerra: asseguram a paz.
Não dominam, não
subjugam, não anexam, não conquistam – apenas vigiam, e repelem quando
necessário a força pela força, proporcionando aos habitantes a possibilidade de
fazer normalmente a sua vida, apoiando a sua evolução e promoção social, e
garantindo o fomento e o progresso dos territórios.»
Servindo-nos de Origens e Evolução do
Movimento de Capitães de Diniz de Almeida, ficamos a saber que neste mesmo
dia, do discurso de Marcelo:
«… num atelier
pertencendo ao arquitecto Braula Reis, por detrás do Restaurante João Padeiro,
em Cascais, arranjado pelo major Sanches Osório, era já noite, quando o soalho
dum modesto e canhado primeiro andar flectia sob o peso das inúmeras presenças,
(cerca de 200 oficiais dos 3 ramos das Forças Armadas).»
É nesta reunião
que se decide que dois camaradas da Comissão Coordenadora «indicados pelos
restantes membros, designassem secretamente (retendo apenas portanto esses
membros o conheciment0 de tal designação, dois camaradas, sendo um responsável
pela elaboração do programa político a partir do Manifesto e outro pela elaboração
de uma ordem de operações a utilizar em caso de necessidade de emprego de
Forças Armadas.»
Conclui Diniz de Almeida:
«Registe-se que
esses camaradas viriam a cumprir as suas tarefas já que é daí que nasce o
programa do M.F.A. e embora não previsto na altura, é a 25 de Abril feito o
recurso à intervenção de unidades do Exército.»
Ficavam a faltar 50 dias para o 25 de Abril.
Sem comentários:
Enviar um comentário