A televisão tem sido altamente
responsável pelo quase nulo desenvolvimento do país, porque jornais já quase
ninguém os compra, ou lê.
Os resultados das eleições de domingo são o espelho do desinteresse
cultural da população, do sentido de voto que o escrutínio veio a ter.
Um povo despropositado, falhado, mau, javardo, repugnante, inculto,
analfabeto.
O resto está tudo nos livros. Que uns, pouquíssimos, lêem e outros,
telemóvel nas mãos, desconhecem ou não frequentam.
Nos últimos oito
anos, registou-se "um maior predomínio de número de comentadores com
posicionamento político à direita" nas televisões, passando de 22 em 2016
para 37 em 2023, concluiu o MediaLab, centro de investigação do ISCTE.
Comentando o resultado das eleições, Nuno Ramos de Almeida escreveu no Diário de Notícias:
«Tive a sorte de nascer
num tempo em que pude ver o escuro e a madrugada. Mesmo quando anoitece, sei
que é possível ver o sol nascer com uma claridade que varre tudo ao seu redor,
nem que se tenha de cerrar os dentes e lutar por uma vida justa.»
Tendo em conta o que os comentadores do café do bairro disseram, o
grande culpado do descalabro da esquerda nas eleições de domingo, foi o governo
de maioria do Partido Socialista.
Hoje, sabe-se que essa dita maioria governativa, deixou umas massas cativas não se
sabe para quê, e que o futuro governo da AD irá aproveitar para resolver alguns
dos problemas que poderiam ter sido resovidos, e não o foram: saúde, professores,
forças de segurança, etc., etc.
Breve passagem pelas páginas de Viagem ao Fim da Noite de Céline:
«E o pior é pensar
onde havemos de arranjar forças para no dia seguinte continuar a fazer o que
fizemos na véspera e ainda em tantos outros dias já passados, onde
encontraremos forças para tantas diligências imbecis, para mil e um projectos
que não conduzem a nada, para as tentativas de vencer uma acabrunhante
necessidade, tentativas que acabam sempre por abortar, e tudo isso para nos
capacitarmos uma vez mais de que o destino é imutável e que o melhor é
conformarmo-nos em ter de cair todas as noites da muralha abaixo, sob a
angústia desse dia seguinte, sempre mais instável e sórdido.
É talvez a idade que surge, traidora e nos ameaça com o pior. Já não existe
dentro de cada um de nós música suficiente para fazer dançar a vida, aí está.
Toda a juventude nos abandonou para ir morrer no fim do mundo, num silêncio de
verdade. Para onde ir agora, pergunto, depois de não possuirmos em nós a soma
bastante de delírio. A verdade é uma agonia sem fim. A verdade deste mundo é a
morte. Precisamos escolher: mentir ou morrer. E eu nunca consegui matar-me.»
1.
A provedora de Justiça
requereu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade da
lei da morte medicamente assistida.
2.
O referendo
organizado na Irlanda para modernizar o conceito de família e as referências às
mulheres na Constituição foi rejeitado, anunciou o primeiro-ministro irlandês,
Leo Varadkar, cujo governo sugeriu esta iniciativa.
As emendas foram
rejeitadas.
Na prática, nada
mudará na Constituição de 1937, que continuará a declarar que o casamento é um
requisito para qualquer família e que o valor da mulher para a sociedade vem de
cumprir os "deveres na casa". Isto numa altura em que dois quintos
das crianças do país nascem fora do casamento e a maioria das mulheres trabalha
fora de casa.
3.
A Igreja Católica regista uma perda de cerca de
500 mil fiéis nas missas de domingo, cerca de 25 por cento do total em
relação a 2019; as receitas das paróquias, assentes em donativos, caíram nos
últimos anos de 60 para 35 milhões de euros.
4.
3978 carteiros
trabalham actualmente nos CTT. Há três anos eram 4360. Também têm vindo a
desaparecer os postos de correio. Hoje são menos de 2 mil por todo o país.
5.
Os cinco maiores bancos privados em Portugal somaram lucros de 3 181
milhões de euros em 2023, um crescimento de 80% em relação ao ano anterior.
6.
Mais de 80% dos médicos dos hospitais privados mantêm um posto de trabalho no SNS, numa situação de duplo emprego.
7.
Os portugueses
apostaram quase 8,6 milhões por dia nos jogos da Santa Casa em 2023. As vendas
brutas dos Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa atingiram os 3136
milhões de euros no ano passado, mais 72 milhões do que em 2022. A “raspadinha”
permanece no topo das apostas.
8.
«Se as contas externas são hoje mais positivas em
Portugal, é porque voltámos a ser um país de emigrantes e porque estamos ainda
mais dependentes do turismo para compensar o desempenho insuficiente dos
restantes sectores exportadores no seu conjunto. Isto é bom para as
estatísticas e para as condições actuais de financiamento externo, mas tem um
problema: nenhum país pode aspirar a desenvolver-se com base apenas no turismo
ou com uma saída em massa da população activa».
Ricardo Paes Mamede
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