Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
Acentuava-se o ritual dos comunicados
oficiais sobre a guerra colonial.
«O serviço de Informação Pública das Forças
Armadas cominica que morreram em combate na provícia da Guiné…
Por desastre morreram na província da Guiné…»
Para além do drama da guerra colonial, a juventude portuguesa enfrentava um outro drama: rapazes saídos do liceu, dos cursos comerciais e industriais, com idades entre os 17 e os 19 anos, não encontravam emprego porque as empresas só admitiam trabalhadores que já tivessem cumprido o serviço militar.
Nas cartas aos Directores dos jornais, a preocupação e indignação eram
largamente partilhadas.
O recorte acima publicado é tirado do Diário Popular de 26 de Outubro de 1972.
No mesmo jornal mas de 1 de Outubro de 1972, também em Carta ao Director, um pai escrevia:
«Merecerá a pena que os pais com poucos recursos materiais dêem um curso
secundário aos filhos? Faço esta pergunta porque tenho tido dificuldades em
empregar o meu filho habilitado com o curso comercial»
Em editorial o “Jornal do Algarve” de 26 de Setembro de 1972 analisava um outro olhar sobre o dtama da guerra:
«Como é discutível a atitude patriótica dos tais patrões! Afinal que sacrifício
é que eles fazem se não estão dispostos a reservar o lugar do empregado mais
jovem que, por força das circunstâncias, se ausenta para servir a Nação?
Algumas das firmas que tomam essas decisões, são dirigidas por homens responsáveis, que até já pertenceram ao Governo… Mas há aqui um contra-senso. Há qualquer coisa que não joga certo. Ou não haverá e somos nós que temos uma visão deformada de patriotismo?”»
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