domingo, 31 de março de 2024

VIAGENS POR ABRIL


Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.

                                                       João Bénard da Costa

Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.


No dia 31 de Março de 1974, Marcelo Caetano decide deslocar-se ao Estádio de Alvalade para assistir ao Sporting Benfica e receber um banho de multidão.

As fotos mostram-no, sorridente, a acenar à multidão - um Salazar que sorri, tal como era conhecido. Os relatos da imprensa dizem que, quando é anunciada a sua presença, uma enorme ovação ecoou pelo estádio. Se apupos existiram – e ocorreram mesmo, tímidos mas ocorrerem, diz quem esteve lá – os jornais não os referem ou a censura os mandou silenciar…
Marcelo Caetano que se fez acompanhar dos ministros Dr. Mário de Oliveira e Veiga Simão e pelo subsecretário de Estado Caetano de Carvalho, terá saído de Alvalade com mais ânimo e confiança.

Terá saído mesmo?

O Benfica venceu o Sporting por 5 a 3. Golos de Yazalde (2) e Dé pelo Sporting,
Nené (2), Humberto Coelho, Jordão e Vítor Martins pelo Benfica.
Com esta vitória o Benfica ficou a dois pontos do Sporting. Lá para Maio saberemos que o Sporting se sagrará como o 1º Campeão Nacional de Futebol do novo país.
Novo?
Também muito lá para a frente, mas mesmo muito, saberemos que não era bem assim…que o novo país apenas vivia na utopia de alguns…

Sabemos de quem traiu!

Como escreveu José Manuel Mendes, o autor do Olhar as Capas de hoje:

«Foram quarenta e oito anos de amarga e lúcida cidadania. Quarenta e oito anos a preparar uma hora de luzes, um instante de reabrir clareiras, os caminhos para uma revolução. Que não só de rosas ou cravos porque, ao longo do tempo o sangue português militante empapou o chão da vitória. A do 25 de Abril, concretizada pelos filhos do povo em armas, que vem redimir a dor, o exílio, a prisão, a morte. A vitória da resistência, como um bordão festivo a alertando o pasmo dos dias sitiados.»

Sem comentários: