Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
No dia 31 de Março de 1974, Marcelo Caetano decide deslocar-se ao Estádio de
Alvalade para assistir ao Sporting Benfica e receber um banho de multidão.
As fotos mostram-no, sorridente, a acenar à
multidão - um Salazar que sorri, tal como era conhecido. Os relatos da imprensa
dizem que, quando é anunciada a sua presença, uma enorme ovação ecoou pelo
estádio. Se apupos existiram – e ocorreram mesmo, tímidos mas ocorrerem, diz
quem esteve lá – os jornais não os referem ou a censura os mandou silenciar…
Marcelo Caetano que se fez acompanhar dos ministros Dr. Mário de Oliveira e
Veiga Simão e pelo subsecretário de Estado Caetano de Carvalho, terá saído de
Alvalade com mais ânimo e confiança.
Terá saído mesmo?
O Benfica venceu o Sporting por
Nené (2), Humberto Coelho, Jordão e Vítor Martins pelo Benfica.
Com esta vitória o Benfica ficou a dois pontos do Sporting. Lá para Maio
saberemos que o Sporting se sagrará como o 1º Campeão Nacional de Futebol do
novo país.
Novo?
Também muito lá para a frente, mas mesmo muito, saberemos que não era bem
assim…que o novo país apenas vivia na utopia de alguns…
Sabemos de quem traiu!
Como escreveu José Manuel Mendes, o autor do
Olhar as Capas de hoje:
«Foram quarenta e oito anos de amarga e lúcida cidadania. Quarenta e oito anos a preparar uma hora de luzes, um instante de reabrir clareiras, os caminhos para uma revolução. Que não só de rosas ou cravos porque, ao longo do tempo o sangue português militante empapou o chão da vitória. A do 25 de Abril, concretizada pelos filhos do povo em armas, que vem redimir a dor, o exílio, a prisão, a morte. A vitória da resistência, como um bordão festivo a alertando o pasmo dos dias sitiados.»
Sem comentários:
Enviar um comentário