segunda-feira, 18 de março de 2024

NUNO JÚDICE (1949-2024)


 Algumas mortes também são as nossas muitas mortes e nos últimos tempos não têm deixado de invadir os dias.

Olho o jornal que anuncia a morte de um amigo e é tão estranho que entre a avalancha de saberes úteis e inúteis que acumula­mos uma vida inteira não esteja sabermos o que dizer.

Nuno Júdice, um amigo, um poeta da casa,  morreu com 75 anos.

Sobre a morte não sabemos o que dizer, nem o que pensar.

E isso constitui uma tristeza sem fim…

No dia 1 de Março coloquei aqui um poema do Nuno Júdice.

Que dizia que «podíamos saber um pouco mais da morte».

Assim:

«Podíamos saber um pouco mais

da morte. Mas não seria isso que nos faria

ter vontade de morrer mais

depressa.

Podíamos saber um pouco mais

da vida. Talvez não precisássemos de viver

tanto, quando só o que é preciso é saber

que temos de viver.

Podíamos saber um pouco mais

do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar

de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou

amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada

sabemos do amor.»

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