terça-feira, 19 de março de 2024

CANTARES DE JOSÉ AFONSO


COLUMBIA - 8 E 016-40023 M



Coro dos Caídos - Canção do Mar - Maria - Ó Vila de Olhão

Acompanhamento  à viola de Rui Pato.

Na faixa do instrumental de Ó Vila de Olhão, intervenção do conjunto de guitarras de Jorge Fontes

Este disco é uma 2ª edição e está datada de 1969.

 A lª edição, por causa da capa e da letra de Ó Vila de Olhão, foi proibida em 1964.

Esta é a 2ª edição deste EP, cuja  edição foi proibida pela Censura em 1964 por causa da capa e da faixa Ó Vila de Olhão.

José Afonso nas notas escritas para o seu livro Cantares: 

«Fiz muitas viagens a Olhão, minha terra adoptiva. A meio do caminho da Fuzeta, entre Olhão e Marim, a vila vai-se adelgaçando, a viagem toma-se mais rápida e ruidosa, devido ao vento que entra pelas janelas. Pode-se berrar sem que ninguém nos ouça. Foi assim que nasceu esta crónica rimada. Servida pela cadência mecânica do “pouca­-terra”, versa um tema alusivo às vicissitudes por que passa o mexilhão quando o mar bate na rocha. A culpa não é do mar.»

Neste disco a faixa Ó Vila de Olhão, não é cantada por José Afonso e foi substituída por uma versão  instrumental do   conjunto de guitarras de Jorge Fontes.

E aqui fica a letra de José Afonso dedicada a Olhão «madrinha do povo, madrasta é que não.  que mereceu a pronta intervenção, a bem dos costumes, da Censura:

Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha do povo
Madrasta é que não
Com papas e bolos
Engana o burlão
Os que de lá são
E os que pra lá vão
E os que pra lá vão
E os que pra lá vão

Ó flor da trapeira
Ó rosa em botão
Tuas cantaneiras
Bem bonitas são

Larga ó pescador
O que tens na mão
Que o peixe que levas
É do teu patrão
É do teu patrão
É do teu patrão

Limpa o teu suor
No camisolão
Que o peixe que levas
É do cais de Olhão

Vem o mandarim
Vem o capitão
Paga o pagador
Não paga o ladrão
Não paga o ladrão
Não paga o ladrão


Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha do povo
Madrasta é que não


Quem te pôs assim
Mar feito num cão
Foi o tubarão
Foi o tubarão
Foi o tubarão
 

Mulher empregada
Diz o povo vão
Que aquela empreitada
Não dá nada não

Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha da povo
Madrasta é que não
Madrasta é que não
Madrasta é que não


Ó pata descalça
Deixa-me da mão
Que os da tua raça
Já não pedem pão


Passa mais um dia
Todos lembrarão
Passa mais de um ano
Já não pedem pão


Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha do povo
Madrasta é que não

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