Algo que não tem nome
e que nunca o terá
procura talvez
mover estas palavras
para que sejam
portadoras de clemência.
Se nelas
florescesse a rosa do vazio
ou o incêndio que fertiliza
o grito
ou a suave
tempestade das artérias
ou se um relâmpago
calcinado na sua trajectória
lhe desse a mais
evidente claridade.
Uma ferida não
cessa no silêncio branco
e não ascende à
boca do poema.
Se a água aqui se
fizesse arquitectura
e a sede o fogo a
dança o infortúnio
se reunissem num
só pulsar de sílabas
e num leve
artifício se abrisse a sombra nua!
António Ramos Rosa de Facilidade do Ar
em Obra Poética Vol. II
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