quinta-feira, 14 de março de 2024

VIAGENS POR ABRIL


       Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.

                                               João Bénard da Costa

Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.

25 de abril.

50 anos.

A imagem que acima se reproduz, é o Presente das Forças Armadas, Natal de 1974, num desenho de João Abel Manta.

Uma coisa é, cada um de nós, já não saber o que dizer sobre o 25 de Abril. Outra coisa é saber que ainda está tudo por dizer.

Também saber que está quase tudo por fazer.

Concluir suavemente que não há momentos perfeitos.

A resposta de Arminda a JC na memorável data que podemos encontrar em Almeida Faria no seu livro Lusitânia:

«De resto passei o dia inteiro agarrada à telefonia, depois à televisão, indo à estação das camionetas esperar pelos jornais da capital, tentando telefonar a Samuel que não parou em casa, deixei recado, irei ter com ele amanhã, não aparece uma revolução assim do pé para a mão, se calhar nunca mais terei outra ocasião de ver um regime esticar o pernil, se é que não se trata dum engano, fada morgana. Agora, cansada de excitação, lembrei-me da lenda do José Maria dos Santos, ouvindo que um navio de cereais naufragava no estuário do Tejo, arrematando-o em leilão apesar de estar podre com a água do mar, encharcado de água (água provavelmente doce no estuário) e alimentando várias varas de porcos até ficar milionário. Será parábola da esperteza saloia nacional? Beija-te a tua irmã esperando que venhas entretanto e não seja necessário escrever-te outra carta.»

Por fim: as eleições de domingo não nos querem mostrar que o 25 de Abril está a ser esquecido?

 Uma data a que falta futuro?

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