Este não é o dia seguinte do
dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
25 de abril.
50 anos.
A imagem que acima se reproduz, é o Presente das Forças Armadas, Natal de 1974, num desenho de João Abel Manta.
Uma coisa é, cada um de nós, já não saber o que dizer sobre o 25 de
Abril. Outra coisa é saber que ainda está tudo por dizer.
Também saber que está quase
tudo por fazer.
Concluir suavemente que
não há momentos perfeitos.
A resposta de
Arminda a JC na memorável data que podemos encontrar em Almeida Faria no seu
livro Lusitânia:
«De resto passei o
dia inteiro agarrada à telefonia, depois à televisão, indo à estação das
camionetas esperar pelos jornais da capital, tentando telefonar a Samuel que
não parou em casa, deixei recado, irei ter com ele amanhã, não aparece uma
revolução assim do pé para a mão, se calhar nunca mais terei outra ocasião de
ver um regime esticar o pernil, se é que não se trata dum engano, fada morgana.
Agora, cansada de excitação, lembrei-me da lenda do José Maria dos Santos,
ouvindo que um navio de cereais naufragava no estuário do Tejo, arrematando-o
em leilão apesar de estar podre com a água do mar, encharcado de água (água
provavelmente doce no estuário) e alimentando várias varas de porcos até ficar
milionário. Será parábola da esperteza saloia nacional? Beija-te a tua irmã
esperando que venhas entretanto e não seja necessário escrever-te outra carta.»
Por fim: as eleições
de domingo não nos querem mostrar que o 25 de Abril está a ser esquecido?
Uma data a que falta futuro?
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